Durante décadas, o setor de telecomunicações brasileiro navejou por mares previsíveis: cidades com alta densidade, grande demanda e retorno rápido. Quando o foco era apenas ampliar cobertura nesses locais, regiões isoladas ficaram à margem, sem água de qualidade do oceano digital. Hoje, a ideia do oceano azul passa a ser a conectividade em áreas remotas, onde mais de 50 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à Internet, segundo o levantamento mais recente da PNAD Contínua (IBGE, 2025).
Conectar esses territórios não é apenas um desafio técnico, mas uma oportunidade de negócio e transformação social. Modelos tradicionais, com ativos pesados, dificilmente chegam a locais de baixa densidade populacional. Por isso, cresce a adoção de estruturas asset-light, que combinam tecnologias diversas, parcerias locais e redes compartilhadas, reduzindo custos fixos e ampliando a escalabilidade.
A conectividade deixa de ser apenas um serviço para se tornar um vetor de desenvolvimento. Cada conexão pode promover aprendizado, inclusão produtiva, acesso à informação e inovação local, ampliando educação, saúde, geração de renda e cidadania nas comunidades atendidas.
Dados recentes apontam avanços. Entre 2016 e 2024, o acesso à Internet nas áreas rurais cresceu 150%, alcançando 84,8% da população rural (Ministério das Comunicações e IBGE, 2025). Ainda assim, a qualidade da conexão é um desafio: a Conectividade Significativa da Anatel (2025) mostra que 35% dos brasileiros ficaram ao menos um dia sem internet móvel no mês anterior por falta de dados, e 11,6% dos trabalhadores que recebem até um salário mínimo ficaram mais de 15 dias desconectados.
O próximo passo envolve políticas públicas que alinhem infraestrutura e regulação, além de investimentos e modelos operacionais que integrem fibra, 4G, 5G e satélite. A proposta é criar parcerias entre Estado, empresas e provedores locais para levar conectividade a lugares remotos, sem perder de vista a qualidade da conexão e o impacto social.
O oceano azul da conectividade está aberto: vasto, desafiador e promissor. Levar Internet a áreas remotas é investir no desenvolvimento do País, abrindo espaço para mais oportunidades e inclusão. * Sobre o autor – Laerte Magalhães é CEO da iuh!. As opiniões expressas nesse artigo não refletem necessariamente o ponto de TELETIME.