Em entrevista à TV Síntese, o presidente do Radio Regulations Board (RRB) da UIT, Agostinho Linhares, apontou interferências em sistemas de radionavegação por satélite, entre eles o GPS, principalmente em regiões de conflito.
Ele citou casos nos quais aeronaves tiveram de desviar rotas e recorrer a métodos de navegação menos precisos, e lembrou que o Brasil já registrou episódios de interferência em redes móveis nas fronteiras, resolvidos por meio de acordos bilaterais.
Na pauta da UIT, a sustentabilidade espacial também ocupa posição central. A multiplicação de constelações em órbita baixa exige regras de coordenação mais rigorosas, incentivos ao de-orbit de satélites desativados e medidas para reduzir detritos e o risco de colisões.
O executivo ressaltou que a coordenação entre países e operadoras precisa ser mais efetiva, promovendo o de-orbit, o compartilhamento de informações e o monitoramento de atividades para evitar acidentes.
Para além disso, Linhares enfatizou que a UIT se ocupa de órbitas e radiofrequências, enquanto o COPUOS trabalha em dimensões complementares, como proteção da radioastronomia e avaliação de impactos ambientais de lançamentos e reentradas.
Ele também destacou a pressão crescente sobre o espectro radioeléctrico, recurso-chave para serviços móveis, satélites, Wi‑Fi e para o futuro 6G, anotando que a disputa por faixas é natural, mas o desafio é otimizar o uso para benefícios sociais e econômicos.
Por fim, o presidente do RRB ressaltou a importância da participação brasileira em organismos multilaterais, citando estudos técnicos que ajudaram a definir a faixa de 26 GHz, fator determinante para o leilão do 5G em 2021 e referência para países vizinhos.”