O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou uma possível intervenção regulatória na aquisição proposta pela Netflix dos ativos de estúdio e streaming da Warner Bros. Discovery (WBD). Em um evento em Washington no último domingo, Trump indicou que teria influência pessoal na aprovação do negócio, declarando que o acordo “poderia ser um problema” devido à fatia de mercado que a empresa combinada teria no streaming. Ele afirmou que o processo “tem que passar por um processo e veremos o que acontece”. O anúncio veio após Trump confirmar que havia se reunido recentemente com o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos.
Em meio a esse cenário, a Netflix já havia fechado um acordo definitivo, na sexta-feira, 5 de dezembro, para adquirir a divisão Studios & Streaming da WBD, incluindo HBO, HBO Max e seus estúdios de cinema e televisão, por US$ 82,7 bilhões (US$ 27,75 por ação, em combinação de dinheiro e ações).
Paralelamente, a Paramount Skydance lançou uma oferta hostil para comprar a WBD na íntegra, avaliando a empresa em US$ 108,4 bilhões, ou US$ 30 por ação, totalmente em dinheiro. A proposta abrange não apenas os ativos de estúdio e streaming, mas também a divisão de redes lineares (Global Networks), como CNN e TNT, que, segundo analistas, seriam tratados de forma diferente no acordo proposto pela Netflix.
A oferta da Paramount Skydance foi endereçada diretamente aos acionistas, contornando o conselho da WBD, que havia recomendado o acordo com a Netflix. Esse movimento intensifica o escrutínio regulatório sobre a operação, que envolve grandes players da indústria e poderia influenciar a concentração de mercado no setor de streaming.
Analistas destacam que o debate sobre antitruste ganha dimensão política, já que Trump tem histórico de oposição a fusões de mídia e aponta para questões de competição. Enquanto a Netflix enfrenta o olhar atento do DoJ, o caso também coloca a Paramount Skydance em uma posição de alinhamento com setores Republicanos, no contexto de uma agenda de maior intervenção governamental em grandes operações de mídia. Por fim, a discussão sobre o conteúdo diversificado da Netflix contrasta com uma administração que prioriza posições de maior proteção de conteúdo nacional, o que pode influenciar futuros desfechos regulatórios.