A SpaceX fechou acordo para adquirir 50 MHz em radiofrequências e licenças de serviço móvel por satélite (MSS) da EchoStar, numa transação avaliada em US$ 17 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 92 bilhões. O pacote inclui US$ 8,5 bilhões em dinheiro e US$ 8,5 bilhões em ações da SpaceX.
As licenças abrangem o espectro AWS-4 e o bloco H e serão usadas no desenvolvimento da constelação Starlink Direct to Cell, projeto que promete levar internet de banda larga diretamente aos celulares sem depender de torres de telefonia. Do montante em dinheiro, US$ 2 bilhões serão destinados ao pagamento de dívidas da EchoStar.
A aquisição fortalece a posição da SpaceX no setor, menos de um ano após a empresa obter aprovação da Federal Communications Commission (FCC) para operar o serviço direto ao celular, em parceria com a T-Mobile. Com o novo espectro, a SpaceX afirma que poderá implantar protocolos otimizados de 5G em seus próximos satélites e reduzir a dependência de outras operadoras.
O acordo também beneficia clientes da Boost Mobile, operadora da EchoStar, que terão acesso à conectividade direta da Starlink. A negociaçāo ocorreu em meio a forte pressão regulatória; em maio, a FCC abriu investigação sobre o uso das licenças pela EchoStar, após manifestações públicas da SpaceX. Segundo a Bloomberg, o ex-presidente Donald Trump chegou a pressionar pessoalmente o CEO da EchoStar, Charlie Ergen, a vender as licenças.
Pouco antes, em agosto, a EchoStar já havia fechado outro acordo, no valor de US$ 23 bilhões, com a AT&T. Em comunicado, a EchoStar afirmou que a venda para a SpaceX, somada ao acordo com a AT&T, deve encerrar a investigação da FCC.
Com o espectro adquirido, a SpaceX busca ampliar a integração entre satélite e celular, ampliando a cobertura de seus serviços e reduzindo a necessidade de redes terrestres tradicionais. A empresa tem reiterado planos de manter a Starlink como opção de conectividade em regiões remotas onde a infraestrutura de telefonia é precária.