O setor brasileiro de tecnologia da informação e comunicação (TIC) deverá abrir milhares de vagas juniores, de entrada, nos próximos dois anos. De acordo com estudo realizado pela Brasscom em parceria com a Fundação Telefônica Vivo e executado pelo Instituto Locomotiva, 82% das empresas do setor preveem ampliar o número de profissionais contratados até 2027, sendo que 46% indicaram que a maioria dessas vagas será voltada para estagiários, aprendizes e iniciantes de carreira.
O levantamento aponta que o setor, que abrange hardware, software, serviços em nuvem, BPO, consultorias, operadoras de telecomunicações e áreas internas de TI em diferentes segmentos econômicos, representa hoje cerca de 6,5% do PIB nacional. Em 2024, a produção foi estimada em R$ 762,4 bilhões, com crescimento nominal de 9%.
Desafios na contratação
O estudo aponta que, apesar da expansão, as empresas enfrentam dificuldades recorrentes para preencher vagas de nível júnior. Entre os principais obstáculos estão a falta de conhecimento técnico (62%), a inexperiência dos candidatos (32%) e a alta competitividade na atração de talentos (24%).
A pesquisa ainda identificou que conhecimentos em computação em nuvem, infraestrutura de TI, cibersegurança, inteligência artificial e proficiência em inglês estão entre os requisitos mais valorizados — e, ao mesmo tempo, entre os mais difíceis de serem encontrados entre os candidatos.
Para lidar com essa lacuna, metade das empresas já tem planejada a abertura de vagas específicas para novos talentos. Muitas recorrem a parcerias com instituições de ensino técnico, programas de capacitação internos e bootcamps de formação. Também ganham espaço iniciativas voltadas a grupos menos favorecidos e a flexibilização de critérios nos processos seletivos.
Políticas públicas e formação técnica: segundo o relatório, há um descompasso entre a formação tradicional e as demandas do setor de TIC, o que reforça a importância da educação profissional. “A pesquisa é essencial para entender as reais necessidades das empresas e orientar políticas públicas, estratégias de educação e programas de empregabilidade”, afirmou Roberta Piozzi, diretora de Parcerias e Projetos de Educação da Brasscom. Na mesma linha, Lia Glaz, diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, destacou que “a formação técnica de jovens é uma alternativa para acelerar sua entrada no mercado, já que saem da escola com uma especialidade adicional”.
O estudo completo está disponível aqui.