Especialistas reunidos no Telco Transformation Latam, realizado no Rio de Janeiro, afirmaram que a transformação é o único caminho para a sustentabilidade das operadoras diante da consolidação, do atraso do 5G e da urgência de transformar dados e ecossistemas em receitas.
O debate, com moderação de Flávio Lang, contou com participação de Ari Lopes (Omdia), que destacou o processo de consolidação na américa Latina e na Europa, além de lembrar que o desenvolvimento do 5G permanece desigual: no Brasil há 46 mil sites, na Colômbia cerca de 1.500 e na Argentina, que realizou leilão em 2023, menos de mil sites.
João Bruder, da GlobalData, reforçou que as operadoras continuam a atrair interesse de diversos players, mas que capturar dados não é suficiente para criar receitas futuras. “As telcos têm vocação para a captura de dados, o novo petróleo. Mas coletar dados não garante receitas futuras”, disse, alertando ainda para o risco de excesso de redes no Brasil, com milhares de provedores competindo no mesmo território, o que pode levar a consolidação por ganho de escala.
Ignacio Perrone, da Frost & Sullivan, destacou o papel central das operadoras na sociedade e a necessidade de protegê-las, já que “é por onde passa o novo óleo”. Ele apontou a tendência de infraestrutura rumo à latência zero com data centers edge, ainda restritos a grandes centros urbanos, o que pode impactar o consumidor ao migrar entre provedores devido a diferentes sistemas de cobrança e suporte.
Perspectivas para 2036 No encerramento, Lang desafiou os debatedores a projetarem o futuro do setor em até dez anos. Lopes reiterou que as operadoras precisam aprender com empresas de internet e se posicionar como plataformas, enquanto Perrone alertou que, se as aplicações não gerarem receitas para as telcos, o setor pode não existir em 2036. Henrique Rodrigues, da Fabric, acrescentou que o papel das operadoras será promover a conexão de ecossistemas.
Perspectivas para 2036
Segundo os especialistas, a consolidação pode criar espaço para modelos de plataformas que conectem ecossistemas e ofereçam novas fontes de receita, desde que as telcos consigam transformar dados em valor econômico de forma sustentável.