A leitura de Victor Arnaud destaca que o Redata chegou a um ponto de decisão estratégico: alinhar o timing de investimentos em infraestrutura digital com a transição do sistema tributário brasileiro. Enquanto a reforma já aprovada aponta para uma neutralidade maior, o espaço entre decisão e execução é decisivo para atrair capital.
Do ponto de vista de CAPEX, o regime funciona como uma ponte transitória. Data centers demandam alto capital e são impactados pelo regime atual, que tributa bens de capital e importados. Ao reduzir PIS, Cofins, IPI e impostos de importação, o Redata antecipa parte da neutralidade que a reforma pretende oferecer de forma estrutural, transformando-se em elemento de coerência econômica.
Há mobilização de estados para viabilizar projetos vinculados ao Redata, indicando uma madurez institucional: competir por infraestrutura digital exige coordenação federativa, previsibilidade e sinalização de longo prazo. O ICMS ainda desempenha papel relevante nos equipamentos, mas o ambiente institucional é que mudou.
No setor de energia, o desafio é estrutural: custo, previsibilidade e acesso ao sistema elétrico são chaves. O Decreto nº 12.772/2025 instituiu a Política Nacional de Acesso ao Sistema de Transmissão, substituindo filas permanentes por temporadas de acesso; ainda assim, o Regime do Redata, por si, não gera energia nem transmissão.
As contrapartidas mantêm foco em P&D no Brasil, oferta mínima ao mercado interno e padrões ambientais elevados. O desafio está na execução: sem métricas, governança e fiscalização, as contrapartidas podem permanecer no papel, e não promover uma transformação real.
No fim, o Redata não é atalho, mas ajuste de tempo — essencial para não perder a janela de investimento atual enquanto o Brasil ajusta tributos e agenda energética. Com a reforma contratada, coordenação federativa sobre equipamentos e novo marco de transmissão, o país começa a alinhar peças historicamente dispersas. O risco real é atrasar-se num jogo que não espera perfeição, apenas decisões coerentes.