A primeira fase de testes com NB-IoT via satélite no Brasil começou, resultado da parceria entre o CPQD e a Sateliot, operadora espanhola de satélites de órbita baixa (LEO) voltada para aplicações de Internet das Coisas. O objetivo é viabilizar a conexão direta de dispositivos NB-IoT a satélites, ainda em áreas sem cobertura terrestre, utilizando o padrão 3GPP Release 17.
A iniciativa permite que equipamentos já existentes — como sensores e rastreadores — se conectem à rede satelital sem necessidade de substituição de hardware ou cartão SIM. A interoperabilidade é viabilizada pela integração da Sateliot com redes móveis nacionais via IPX, possibilitando roaming automático entre redes terrestres e não terrestres.
Os primeiros testes, realizados no âmbito do Early Adopter Program, visam validar aplicações em ambientes rurais e regiões sem infraestrutura de telecomunicações. A tecnologia poderá ser empregada, por exemplo, no monitoramento de rebanhos com sensores acoplados a animais, na logística remota com sensores embarcados em cargas e veículos, e na prevenção ambiental com detecção antecipada de incêndios florestais.
Segundo o CPQD, a parceria reforça o papel da instituição no desenvolvimento e validação de tecnologias emergentes de conectividade. A organização mantém laboratórios e infraestrutura para simular condições adversas e testar a interoperabilidade de dispositivos NB-IoT em escala.
“Estamos validando tecnologias que posicionarão o Brasil na vanguarda da IoT via satélite”, afirmou Luis Renato Monte, gerente de Ensaios e Certificação do CPQD.
A Sateliot já atua com contratos comerciais em mais de 50 países e possui licença da Anatel para operar no Brasil. A operadora também mantém acordo com a ABINC para fomentar o ecossistema local.
O padrão 3GPP Release 17, adotado pela Sateliot, prevê a integração entre redes terrestres e não terrestres (NTN) no contexto do 5G, com interoperabilidade entre dispositivos NB-IoT existentes, o que facilita a adoção em larga escala sem necessidade de alterações técnicas nos terminais.
As expectativas de CPQD e Sateliot são de que, com a validação dos testes, o Brasil amplie a cobertura de IoT em áreas rurais, florestais e de difícil acesso, impactando cadeias produtivas como o agronegócio, transporte e monitoramento ambiental.