O Telco Transformation Latam abriu as atividades no Windsor Hotel, no Rio de Janeiro, para discutir a transformação rápida do setor na América Latina, com foco na rentabilidade, na queda de receitas e na busca por novas fontes de receita via serviços digitais. O evento ocorre nos dias 27 e 28 de agosto.
Segundo Ari Lopes, líder da prática de provedores de serviços da América da Omdia, grandes grupos da região reduziram investimentos em capital (capex) para 2024-2026, citando reestruturações da Telefónica na Argentina, Colômbia e Peru e recuperações judiciais em outros mercados.
Falando sobre desempenho recente, Lopes observou que, em 2024, as receitas cresceram apenas 0,7% no Brasil e 1,7% no México, enquanto o Chile registrou queda. “O 5G foi lançado em 2019 no Uruguai e em 2021 no Chile; mas ainda em 2025 não se observa impacto significativo nas receitas; há construção de redes, mas pouca inovação”, afirmou.
A expansão do 5G na região continua lenta e desigual. Na Colômbia, estima-se cerca de 1.500 sites ativos, quase todos da Claro, que domina 90% do mercado móvel; na Argentina, o total fica próximo de 1.000 sites. “O Brasil e o México concentram 51% do mercado de telecomunicações da região e respondem por 70% das ativações em 5G. Ainda há muito a fazer”, comentou Lopes.
Sobre margens, o consultor destacou que EBITDA de operadoras tende a acompanhar a participação de mercado. “Todas as operadoras da Telefónica estão no quadrante de baixa rentabilidade. No Brasil, com três operadoras móveis, as margens são saudáveis. A venda da Oi foi um marco, pois facilitou a migração de pré-pago para pós-pago e a recomposição de preços”, avaliou.
No lado da banda larga fixa, o mercado apresenta crescimento mais tímido, porém com sinais de organização no Brasil, onde ISPs se consolidaram e as redes neutras aparecem como um fenômeno de mercado com grande potencial de expansão.
O Telco Transformation Latam promete seguir debatendo estratégias digitais, novas ofertas e parcerias que tragam fontes de receita além do tradicional funcionamento de redes, com o objetivo de reverter margens e impulsionar o crescimento na América Latina.