A atuação de dois funcionários de uma instituição financeira brasileira, suspeitos de sabotar sistemas internos, reacende o debate sobre a maior vulnerabilidade que uma organização pode ter: o risco que reside dentro das próprias paredes. O caso ilustra que o risco interno, seja intencional ou acidental, continua entre as ameaças mais difíceis de prever, detectar e mitigar, especialmente em setores críticos como o financeiro, onde a continuidade operacional é vital.
Marcelo Branquinho, CEO da TI Safe e referência em segurança de infraestruturas críticas, enfatiza que o maior risco nem sempre vem de fora. “O maior risco pode estar exatamente dentro da casa da empresa”, afirma, acrescentando que o incidente expõe fragilidades estruturais em ambientes corporativos altamente digitalizados.
O episódio revela que a maturidade em segurança depende tanto de governança quanto de pessoas. Políticas de acesso, gestão do ciclo de vida de colaboradores, entrada, movimentação interna e desligamento devem ser rigidamente acompanhadas para evitar brechas que privilegiem funcionários com dados sensíveis e sistemas críticos.
Embora haja ferramentas robustas — como SIEM, IAM e PAM — o fator humano permanece central. Branquinho ressalta que a tecnologia funciona quando acompanhada de auditorias constantes e de uma cultura organizacional orientada à ética. “Segurança é técnica, mas também é comportamento”, destaca o especialista, que alerta para o risco de abuso de confiança mesmo em organizações sob pressão por eficiência.
A análise aponta que o risco interno, ao se tornar estratégico, pode comprometer a continuidade de serviços, a confiança do mercado e o valor da marca. A defesa mais eficaz não está apenas em camadas tecnológicas, mas em processos claros, monitoramento contínuo e uma cultura de responsabilidade, ético e transparência. Fim de nota: a lição é que a maior defesa nasce de dentro, com governança sólida, treinamento constante e políticas de denúncia segura.