A Associação dos Provedores de Internet do Distrito Federal (ASPRO) lançou nesta semana o programa Poste Limpo DF, com foco na organização de redes aéreas, remoção de cabos sem uso e padronização de fixações em postes. A iniciativa surge em um momento de cobranças sobre o custo de 13,46 reais por ponto de fixação no DF, considerado elevado para atingir as metas de expansão da conectividade.
O programa prevê mutirões chamados Dia D – Poste Limpo DF, que visam limpar cabos ociosos e adequar instalações às normas técnicas, além de criar espaço para diálogo entre as prestadoras, o governo e a distribuidora Neoenergia.
O lançamento ocorre em meio a tensão com Neoenergia, com disputas judiciais e relatos de cortes de cabos ópticos sem aviso. A ASPRO afirma que mais de 50 provedores no DF foram afetados por interrupções sem justificativa técnica, incluindo empresas com contratos válidos. Em alguns casos, cabos foram removidos durante operações de limpeza de postes, prejudicando provedores regionais e grandes operadoras.
A entidade lembra decisões judiciais recentes que restringem a atuação da Neoenergia para cortar cabos que não apresentem risco evidente, exigindo respaldo técnico ou legal. A complexa relação judicial alimenta o pano de fundo do Poste Limpo DF, que busca oferecer uma via organizada para que ISPs protejam sua continuidade de serviço e mantenham previsibilidade econômica para a expansão da fibra no DF, especialmente em áreas de menor retorno financeiro.
Além disso, a ASPRO vê o movimento como uma ferramenta de pressão para renegociação de práticas de cortes e preços, fortalecendo a base técnica nas disputas jurídicas. O tema também se insere no debate regulatório nacional, já que a Aneel adiou uma deliberação sobre o compartilhamento de postes, situação apontada por entidades do setor como retrógado diante da urgência de ampliar a infraestrutura de conectividade no Brasil.
