Durante a Semana de Infraestrutura da Internet do Brasil, o NIC.br apresentou um panorama atualizado sobre a distribuição de recursos de numeração, com foco na consolidação do IPv6 e nas restrições estruturais do IPv4. A apresentação foi conduzida por Ricardo Patara, do Registro.br.
O relatório aponta que o Brasil soma hoje mais de 9 mil sistemas autônomos (ASNs) ativos, com 278 novos ASNs alocados em 2025, mantendo uma média anual em torno de 260 nos últimos anos. O histórico indica um pico de crescimento antes do esgotamento do IPv4, seguido de uma estabilização do ritmo.
Quanto ao IPv6, a alocação chegou a 98% entre as ASNs brasileiras, incluindo mais de 95% dos pequenos e médios provedores — grupo responsável por boa parte das alocações. Entre usuários finais, o índice está próximo de 90%. Além da alocação, o uso efetivo do IPv6 cresceu de aproximadamente 50% para 54% do tráfego registrado pelo Registro.br em 12 meses, alinhado a dados do Google.
Em comparação internacional, o Brasil lidera a América Latina em uso de IPv6, com a França como referência global, próxima de 88% de tráfego IPv6.
Sobre o IPv4, o NIC.br informa que o esgotamento ocorre na região LACNIC desde 2020, com liberação de pouco mais de 19 mil endereços em 2025 (menos que os 32 mil de 2024). A fila de espera já ultrapassa 1.700 solicitações, sendo cerca de 60% oriundas de organizações brasileiras. O órgão destaca que a disponibilidade tende a diminuir e orienta a priorização do IPv6, enquanto as transferências de IPv4 entre organizações cresceram 39% em 2025, totalizando mais de 770 mil endereços, com 72% permanecendo no país.