O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que o governo federal não pretende privatizar os Correios, mesmo diante da crise financeira enfrentada pela estatal. A declaração foi feita durante um café com a imprensa no Palácio do Planalto, com a presença de ministros, entre eles Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil).
Lula explicou que a crise não decorre da natureza pública da empresa, mas sim de falhas de gestão. “O dado concreto é que nós não podemos ter uma empresa pública, por mais importante que ela seja, dando prejuízo. Ela tem que se equilibrar”, disse o presidente, que também destacou que a gestão pública não precisa visar exclusivamente o lucro, mas não pode gerar prejuízos contínuos.
O chefe do Executivo relembrou sua posição histórica contrária à privatização dos Correios e citou episódios do passado para fundamentar o argumento. “Eu lamento profundamente a crise do Correio, porque o Correio, desde 1985, eu vim aqui conversar com Antônio Carlos Magalhães contra a privatização”, afirmou.
Para dar início a mudanças, o governo já promoveu alterações na gestão da empresa, incluindo a troca da presidência. Lula mencionou Esther Dweck, ministra responsável pelas estatais, e informou que houve reunião com Rui Costa para que a nova direção apresentasse um balanço concreto de ações necessárias para a recuperação dos Correios.
O presidente afirmou ainda que o governo está disposto a realizar alterações estruturais mais amplas, com autonomia da nova direção para indicar os ocupantes de cargos-chave. Também surgiu a possibilidade de revisar o número de agências no país e de compartilhar estruturas com outras empresas públicas para evitar duplicação de unidades em municípios deficitários.
Lula refutou a visão de que mudanças tributárias recentes seriam a raiz da crise, destacando que o problema estaria ligado à gestão “muito equivocada”. Em paralelo, o governo divulgou um decreto para criar um mecanismo que permita que estatais federais em dificuldade reorganizarem suas contas sem serem automaticamente enquadradas como dependentes do Tesouro, dando maior flexibilidade de ajuste.
Concluindo, Lula disse que a missão principal do governo é entregar aos brasileiros uma Correios recuperado, em funcionamento pleno e produtivo, reafirmando o compromisso de acompanhar de perto o processo de recuperação da empresa.
