Provedores de banda larga estão ampliando canais FAST, edge data centers, serviços de valor agregado e ofertas MVNO para elevar o ticket médio além de R$ 100, diante da concorrência acirrada no setor. Executivos das empresas Alares, NXTV, Click IP e Surf falaram sobre as estratégias durante o Streaming Academy, promovido pela Abotts, em São Paulo.
Na NXTV, o CEO Sérgio Mancera descreveu um modelo de canais FAST especialmente desenhado para ISPs, com distribuição para 100% da base do provedor e uso de publicidade segmentada. “Nós atendíamos 5 a 7% da base. Por que não o provedor disponibilizar para todos?”, questionou, destacando que o formato permite cobrar campanhas regionais e associar a marca do ISP a canais reconhecidos, fortalecendo a relação com o usuário.
O co-fundador do Clique IP, Neilson Reis, enfatizou a importância de reduzir a latência em regiões fora do Sudeste, onde atrasos acima de 60 ms chegam a comprometer a experiência. “Você tem necessariamente que considerar o caching local, senão há entrega com experiência comprometida”, comentou. Reis apontou que 70% do tráfego da rede é de vídeo e que parte dos streams é contratado apenas em São Paulo, o que prejudica a percepção do consumidor. Para ele, é essencial investir em vídeo, segurança e software para escapar da “zona dos R$ 100”.
A strategy da Alares, apresentada pelo CMO Alejandro Contreras, envolve três frentes: conectividade dentro da residência, conveniência (incluindo streaming) e soluções proprietárias, como a grade de TV e o Alares Play. Contreras destacou que a qualidade da conexão continua sendo o atributo central, além de usar IA em speech analytics para entender motivos de contato e sinais de churn. Ele também mencionou o peso da inadimplência, com entre metade dos usuários não pagando na data de vencimento, o que torna a cobrança uma área estruturante para a rentabilidade dos bundles.
O Diretor Comercial da Surf Telecom, Fabrício Benjamin, explicou que a Surf atua como MVNO, transformando ISPs em operadores móveis. O streaming passou a ser ferramenta de monetização, elevando ARPU e reduzindo churn, especialmente quando aliado a ofertas móveis com benefícios de streaming — inclusive com a possibilidade de zero rating. A Surf oferece suporte para que ISPs vendam e operem serviços de vídeo e voz, sempre em conformidade com a LGPD.
Diante da pressão por preço, os executivos ressaltam a necessidade de agregar valor para manter o ticket acima de R$ 100. Ao falar sobre metas, Alejandro Contreras citou o objetivo de rentabilidade: “Cem reais já está de bom tamanho… são 3 reais por dia”, sinalizando que o caminho envolve bundles bem estruturados e conectividade de qualidade como base para novas fontes de receita.