O Instituto de Defesa dos Consumidores (Idec) lançou um estudo que analisa os impactos ambientais e climáticos de data centers instalados na América Latina. O trabalho foca em casos da região com o objetivo de subsidiar a formulação de políticas públicas e fortalecer a participação de comunidades afetadas.
Segundo o Idec, grandes empresas de tecnologia escolhem locais na região onde terra, água e eletricidade costumam ser mais baratas, além de padrões ambientais mais permissivos, configurando uma estratégia de expansão que facilita o acesso a recursos e territorios para operação.
Os casos analisados abrangem quatro locais em três países: Quilicura e Cerrillos, no Chile; Querétaro, no México; e Canelones, no Uruguai.
Entre os impactos observados, estão a menor qualidade da água e dificuldades de acesso a ela, bem como problemas no fornecimento de energia e custos elevados para as comunidades vizinhas às instalações.
A combinação de custos operacionais reduzidos e regulações menos rígidas é apontada pelo Idec como um cenário que exige cautela, especialmente em áreas com escassez hídrica, distribuição de energia precária ou conflitos pelo uso da terra. O estudo também destaca a falta de transparência na comunicação com comunidades afetadas.
Nos casos estudados, relatos indicam que projetos promovidos por gigantes como Google e Microsoft chegaram à região com uma narrativa de inovação, mas com pouca participação social prévia e, por vezes, sem estudos de impactos reais antes da implementação. Movimentos comunitários foram centrais para frear projetos inviáveis e forçar revisões.
“O estudo dessas experiências ajuda a entender padrões de comportamento de grandes empresas, bem como as limitações dos sistemas de gestão ambiental dos governos e das leis locais para lidar com mega projetos de alto impacto socioambiental e climático”, afirmou o Idec. Com a pesquisa, a organização pretende sugerir caminhos para políticas públicas no Brasil e na América Latina, além de indicar saídas para comunidades e formuladores de políticas.
O Idec conclui que o estudo pode subsidiar debates sobre uso de água, energia e território, propondo recomendações para políticas públicas e para comunidades em busca de participação mais efetiva. O relatório completo está disponível no site do Idec, com o link para a íntegra do estudo.