O CGI.br divulgou a TIC Domicílios 2025, destacando que 32% dos usuários de Internet no Brasil — cerca de 50 milhões de pessoas com 10 anos ou mais — já usaram ferramentas de IA generativa. A pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao NIC.br, acompanha mudanças rápidas no uso das tecnologias digitais no país.
A adoção de IA é mais expressiva entre grupos de renda e escolaridade mais altas. Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, o estudo evidencia que 69% dos usuários da classe A recorrem à IA, enquanto apenas 16% das classes D e E utilizam a ferramenta. Em termos de escolaridade, 59% de quem tem Ensino Superior utiliza IA, contra 17% entre quem tem Ensino Fundamental. A finalidade mais citada é uso pessoal (84%), e entre estudantes, 86% citaram IA para pesquisas e trabalhos acadêmicos.
Outro aspecto analisado é a limitação de pacotes móveis. O levantamento aponta que 64 milhões de brasileiros (39% dos usuários com celular) tiveram o pacote de dados encerrado ao menos uma vez nos últimos três meses. O impacto é maior entre planos pré-pagos (52%), comuns entre as classes D e E. Entre os afetados, 41% disseram ter uso restrito a aplicativos patrocinados e 39% ficaram sem acesso a apps normalmente utilizados, evidenciando que o acesso à conectividade não é suficiente para usufruir plenamente dos benefícios da IA.
No campo da conectividade, a banda larga fixa tem mostrado crescimento e atingiu 76% de domicílios em 2025, com 86% das residências conectadas à Internet de modo geral. Em termos de pagamentos digitais, 75% dos usuários já utilizam o Pix para pagamentos ou transferências, porém com desigualdades regionais: 98% na Classe A versus 60% nas D/E. A TIC Domicílios 2025 também trouxe pela primeira vez indicadores sobre o Gov.br, com 56% do público de 16+ acessando a plataforma e 71% usando serviços públicos digitais.
Já no quesito apostas online, 19% dos internautas (aproximadamente 30 milhões) afirmam ter feito algum tipo de aposta digital. A prática é mais frequente entre homens (25%) do que entre mulheres (14%), incluindo 8% que apostaram em cassinos online, 7% em rifas ou sorteios via redes sociais e aplicativos de mensagens, e 7% em apostas esportivas por sites ou jogos de loteria.
Para Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, a TIC Domicílios 2025 evidencia a necessidade de combinar acesso à IA com melhoria de conectividade e habilidades digitais. “Os benefícios da IA, como ganhos de produtividade e novas formas de aprendizado, tendem a ficar concentrados onde já existem oportunidades, a menos que políticas de inclusão digital avancem com equidade.”