A 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta terça-feira, pela Cetic.br | NIC.br, aponta que 70% dos estudantes do Ensino Médio que acessam a Internet já utilizam ferramentas de IA gerativa — como ChatGPT, Copilot e Gemini — em suas pesquisas escolares. No entanto, apenas 32% desses alunos disseram ter recebido orientação pedagógica sobre o uso dessas tecnologias.
O levantamento aponta também crescimento do uso de IA entre estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental (39%) e dos anos iniciais (15%). Considerando todos os estudantes usuários de Internet dessas etapas, a proporção sobe para 37%; entre eles, apenas 19% relatam ter instrução de professores sobre o uso adequado da IA.
A pesquisa foi realizada entre agosto de 2024 e março de 2025 em 1.023 escolas públicas e privadas de todo o Brasil, revelando uma transformação rápida nos hábitos de busca. Embora sites de busca continuem amplamente usados (74%), canais de vídeo aparecem em patamar próximo (72%), sendo citados como ferramentas frequentes nas atividades escolares.
Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, afirma que “a IA generativa já é uma realidade para mais de dois terços dos alunos do Ensino Médio, mas requer mediação pedagógica estruturada para uso crítico”. Renata Mielli, coordenadora do CGI.br, alerta para os riscos de adoção sem orientação: “as respostas podem conter vieses que, sem mediação, podem interferir na formação de toda uma geração”.
Formação docente e desafios para a escola pública
O estudo também aponta desafios na formação de professores. Embora 54% tenham feito cursos sobre tecnologias digitais nos 12 meses anteriores à pesquisa, apenas 59% participaram de formações sobre uso da IA em atividades educacionais. A participação de docentes das redes municipais em formação desse tipo caiu de 62% em 2021 para 43% em 2024.
No que se refere à inclusão digital, 96% das escolas têm acesso à Internet, mas persiste desigualdade. Apenas 27% dos alunos da rede municipal utilizam a Internet da escola para atividades solicitadas pelos professores, comparado a 67% nas redes estaduais. Além disso, 75% das escolas municipais contam com pelo menos um espaço com conexão, mas apenas 47% oferecem dispositivos digitais para esse fim.
Celulares e a nova legislação
A TIC Educação também registra a transição regulatória provocada pela Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso de celulares nas escolas. O uso de celulares pessoais para acessar a Internet em sala de aula caiu de 55% em 2022 para 45% em 2024. A proibição de celulares passou de 28% das escolas em 2023 para 39% em 2024.
A coordenadora Daniela Costa comenta que os dados refletem uma fase de adaptação: “as escolas estão no centro do debate sobre os impactos do uso de telas e dispositivos digitais na preservação dos direitos e no desenvolvimento cognitivo e psicossocial de crianças e adolescentes”.
A pesquisa completa, incluindo tabelas e metodologias, está disponível aqui: aqui.