Um estudo da Deloitte aponta que a Inteligência Artificial já é realidade na gestão de riscos de terceiros (TPRM), mas seu potencial ainda não é plenamente explorado pelas organizações. O levantamento ouviu 336 participantes globais, incluindo 47 brasileiros, de empresas de diferentes portes e setores.
Entre os respondentes, 56% citaram a eficiência operacional como principal motivação para investir em IA na gestão de riscos de terceiros, seguidos por melhoria na tomada de decisão (14%) e conformidade normativa (13%). No Brasil, as motivações aparecem em uma ordem mais equilibrada: 28% eficiência, 22% tomada de decisão e 20% conformidade, com 20% buscando reduzir perdas.
A ROI é citada como a principal barreira para ampliar investimentos, apontada por 31% (global) e 30% (Brasil). Outras dificuldades incluem a falta de expertise interna (22% no Brasil, 20% global) e a integração de novas tecnologias com sistemas existentes (17% no Brasil, 22% global).
A relevância dos dados é um pilar na transformação com IA: 58% no Brasil e 61% global destacam a qualidade e a integração dos dados, além de reformulações nas estruturas de governança para sustentar a adoção dessas tecnologias.
Em termos de maturidade, 11% das organizações brasileiras se classificam como nível gerenciado, quase o dobro do resultado global; globalmente, 61% ainda estão no nível inicial, e 33% no nível definido, com pilotos mais estruturados.
Em impacto financeiro, quase metade dos respondentes globais (48%) acredita que impactos de incidentes com terceiros podem ultrapassar US$ 50 milhões. No Brasil, a visão é mais otimista: 31% apontam perdas acima de US$ 50 milhões, enquanto 47% estimam um impacto máximo de US$ 10 milhões. Também é destacado que 13% no Brasil acreditam que IA pode reduzir mais de 50% da exposição financeira, frente a 7% globalmente.
Fabiana Fernandes Mello, sócia de Enterprise Risk da Deloitte, ressalta que a dificuldade de tangibilizar o ROI pode frear decisões de investimento. Ela acrescenta os desafios de falta de expertise no mercado e de integração de sistemas para promover maior eficiência com bom custo-benefício. “Nos estudos anteriores, já víamos a ausência de dados em tempo real; a IA, inclusive a IA generativa, ajuda no processo de gestão de riscos de terceiros e na tomada de decisões de forma mais ágil”, afirma.
Ainda que haja reconhecimento do potencial, o uso de IA na gestão de riscos de terceiros permanece em estágio inicial, com 42% no Brasil baseando coleta de dados em planilhas, contra 36% globalmente. Perguntas sobre domínios que mais se beneficiariam com IA apontam segurança da informação e privacidade de dados como prioridades: 60% global e 63% Brasil; práticas anti-suborno e corrupção e mitigação de riscos à resiliência empresarial também são citadas entre os domínios impactados.