O governo da República Democrática do Congo está destacando o complexo hidroelétrico Grand Inga, com capacidade teórica de 44 GW, como base para atrair investimentos globais em data centers alimentados por IA, prometendo energia limpa e abundante para a era da inteligência artificial.
Ao mesmo tempo, o sistema atualmente gera menos de 2 GW, por conta de infraestrutura obsoleta e atrasos. A visão é transformar esse excedente de poder em um polo da economia digital africana, com energia renovável, conectividade e resfriamento natural para atrair grandes operadores de dados.
O governo aponta que Inga oferece três atributos-chave: energia hidrelétrica abundante, água para resfriamento e conectividade de fibra óptica. O diretor da agência de desenvolvimento de Inga, Bob Mabiala Mvumbi, declarou que “não haveria lugar melhor para um data center”, destacando também o custo de entrada mais baixo na África em comparação a mercados maduros, desde que o fornecimento de energia seja confiável.
No plano de financiamento, a RDC trabalha na chamada Lei Inga para clarear regras fiscais e regulatórias, buscando atrair investimentos privados. O Banco Mundial já comprometeu aproximadamente US$ 1 bilhão para o programa, com US$ 250 milhões previstos para 2025 como parcela inicial, enquanto agências de garantia de investimentos podem atuar para reduzir riscos e estimular o capital privado. O estágio seguinte, Inga III, adicionaria cerca de 11 GW de capacidade, com custos estimados acima de US$ 20 bilhões.
Entretanto, especialistas lembram que Inga tem histórico de atrasos, governança instável e infraestrutura precária. As usinas Inga I (351 MW) e Inga II (1.424 MW) foram concluídas há décadas e ainda operam longe do potencial. Críticos alertam para riscos de transparência, impactos sociais e ambientais, e para a necessidade de contratos de energia e de transmissão bem estruturados para transformar o hub de IA em realidade.
Para executivos de TI, a atratividade de projetos renováveis como Inga cresce diante da demanda por energia e resfriamento em IA, computação em nuvem e alta performance. Se bem executado, o projeto pode posicionar a RDC como um corredor regional de data centers movidos a energia limpa, com latência competitiva para Europa e Oriente Médio, além de possibilitar decisões estratégicas de workloads e sustentabilidade no portfólio de TI.