A trajetória recente das telecomunicações no Brasil mostra que o ciclo de adoção tecnológica se acelerou de forma dramática. O 2G levou 167 meses para chegar a 200 milhões de acessos; o 4G atingiu a mesma marca em 111 meses; e o 5G, em apenas 36 meses, já superou a barreira de 52 milhões de usuários.
Leitura comparativa do 5G com outras gerações:
- 10M: 5G foi 19 meses mais rápido que o 2G (2,9x), 14 meses mais rápido que o 3G (2,4x) e 18 meses mais rápido que o 4G (2,8x).
- 20M: 5G foi 22 meses mais rápido que o 2G (2,3x), 19 meses mais rápido que o 3G (2,1x) e 17 meses mais rápido que o 4G (2,0x).
- 30M: 5G foi 25 meses mais rápido que o 2G (2,0x), 20 meses mais rápido que o 3G (1,8x) e 14 meses mais rápido que o 4G (1,6x).
- 50M: 5G foi 36 meses mais rápido que o 2G (2,0x), 12 meses mais rápido que o 3G (1,3x) e 7 meses mais rápido que o 4G (1,2x).
Impacto no ecossistema: cada salto de geração provoca uma reorganização completa: usuários trocam smartphones, fabricantes aceleram lançamentos de devices, desenvolvedores adaptam aplicativos e plataformas, e indústrias ajustam seus processos produtivos. No centro desse processo, as operadoras carregam o peso dos investimentos em espectro, infraestrutura de rede, transporte e data centers, em ciclos cada vez mais rápidos e onerosos.
O grande dilema: a demanda pela nova tecnologia cresce rapidamente, mas a receita média por usuário (ARPU) nem sempre acompanha esse ritmo, gerando pressão sobre o CAPEX das operadoras. A adoção acelerada, por si só, não garante retorno imediato e sustentável.
Com o 6G previsto para 2030, esse desafio tende a se intensificar. A dúvida central é se será possível construir um modelo de negócio sustentável em que toda a cadeia — usuários, indústria, reguladores e operadoras — compartilhe valor de forma equilibrada. Segundo José Felipe Ruppenthal, diretor de consultoria & estratégia na Telco Advisors, esse tema é o foco de debates no TELETIME News.