O valor total das vendas online na Black Friday no Brasil atingiu 7 bilhões de reais, 18% acima do ano anterior, segundo o relatório de varejo e consumo do BTG Pactual. A quinta-feira registrou alta de 34% nas vendas, enquanto, de quinta a sábado, o setor cresceu 11%, para 8,8 bilhões de reais.
O destaque do estudo é a mudança no perfil de consumo: o ticket médio caiu 2% no período, sugerindo cestas menores, mesmo com preços relativamente estáveis.
Os padrões pré-Black Friday mudaram significativamente: as vendas de calçados ultrapassaram as de smartphones pela primeira vez, ampliando a penetração de clientes por meio do consumo de moda impulsionado pelo volume.
Na faixa de sexta-feira a sábado, as TVs registraram 754 milhões de reais em vendas, superando pela primeira vez os smartphones nos últimos anos. O cluster de renovação da casa (geladeiras, lavadoras, ar-condicionados) ultrapassou 970 milhões, sinalizando elasticidade de bens duráveis, mesmo com orçamentos restritos. Calçados atingiram 393 milhões, e roupas, 334 milhões.
Regionalmente, o Sudeste continua sendo o motor do e-commerce brasileiro, respondendo por 57,5% da receita de sexta-feira e crescendo 13,8% ao ano. Nordeste 9,4%, Sul 10,5% e Centro-Oeste 9% completam o quadro regional, enquanto o Norte teve destaque com 38% de crescimento anual, apesar de representar apenas 2,8% das vendas totais.
O ambiente competitivo do varejo online segue acirrado, com Mercado Livre mantendo ritmo agressivo de marketing, frente a investimentos crescentes da Amazon (FBA e Prime), Shopee (aumento de centros de distribuição) e TikTok Shop (subsídios e integração de mídia). Quatro tendências moldam o cenário: recuperação do GMV com penetração em higiene/beleza, vestuário e farmacêutica; foco na lucratividade e disciplina de caixa; maior presença de players globais; e consolidação, em que escala é chave para sustentabilidade econômica.