O projeto Kuiper da Amazon se prepara para lançar o serviço comercial de Internet via satélite em 2026. Enquanto isso, a empresa busca ampliar o modelo de parcerias no Brasil e na América Latina, conforme descrito pelo consumer lead da região, Bruno Soares Henriques, no Congresso Latinoamericano de Satélites.
A estratégia da Amazon, segundo Henriques, é de cooperação com todo o ecossistema, com parcerias em frentes distintas. Como exemplo, ele citou a aliança com a rede australiana NBN para migração tecnológica “do geoestacionário para os satélites de baixa órbita” e a parceria anunciada com a DirecTV (Sky no Brasil) para oferta de banda larga residencial. “Estamos abertos para fazer negócios com parceiros. Essa é a nossa postura”, afirmou.
No Brasil, a Kuiper está evoluindo nesse modelo, buscando “early adopters” — clientes dispostos a ser os primeiros a usar a tecnologia — sem contratos específicos até o momento. O foco, no entanto, permanece no mercado empresarial (B2B), e a estratégia deve andar de mãos dadas com a AWS.
A integração com a Amazon Web Services (AWS) aparece como diferencial competitivo. Henriques explicou que a Kuiper está, hoje, conectada a uma rede terrestre com mais de 400 gateways no mundo, todos ligados por fibra ao backbone da AWS. “A operadora já nasce como enterprise grade, porque está 100% integrada à rede da AWS. Tudo o que você consegue fazer na AWS, você consegue fazer no Kuiper”, afirmou. Segundo ele, serviços de nuvem, storage, processamento, redes privadas e aplicações de IA estarão disponíveis para clientes corporativos via satélite; contudo, a comercialização da conectividade ficará a cargo da Kuiper, não da AWS.
Quanto aos lançamentos, o projeto já ultrapassou 100 satélites no espaço e mira 3.232 em operação até 2029, com metade desse total teoricamente em órbita até julho de 2026, para atender aos termos com a FCC. A SpaceX, parceira da Amazon, devia lançar mais 24 satélites do Kuiper, mas o lançamento foi adiado para 11 de outubro por mau tempo.
Entre os investimentos em testes, Henriques citou números como 1,7 Gbps de velocidade de download em um terminal, demonstrando o potencial de desempenho. O objetivo atual é “sentar com os parceiros” para entender como essa infraestrutura espacial pode beneficiar diferentes negócios na região.