O uso licenciado por redes móveis na parte alta da faixa de 6 GHz (6,425–7,125 GHz) pode gerar até sete vezes mais benefícios econômicos para a América Latina em comparação com o uso não licenciado para Wi‑Fi, segundo um estudo da GSMA Intelligence divulgado em Brasília durante o Painel Telebrasil 2025. A pesquisa analisou tráfego em 11 cidades da região, incluindo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Conforme o relatório, a atual ocupação do Wi‑Fi 6E na faixa inferior do 6 GHz é praticamente nula, e a demanda futura de Wi‑Fi pode ser atendida com maior eficiência nas faixas já disponíveis — 2,4 GHz, 5 GHz e a parte baixa do 6 GHz.
No Brasil, Brasília aparece como a cidade que mais utiliza Wi‑Fi 6 (7% dos acessos); porém, 80% dessas conexões ocorrem na faixa de 5 GHz, 19% na de 2,4 GHz e menos de 1% utiliza o 6 GHz. Em toda a América Latina, Santiago, no Chile, é apontada como a localidade com maior popularidade do Wi‑Fi 6, mantendo a dominância da faixa de 5 GHz.
Segundo Luiz Felippe Zoghbi, diretor de espectro da GSMA, o crescimento da demanda de dados é central para o debate sobre políticas públicas. Em 2024, os usuários da região gastaram em média 9 GB de dados móveis por mês, com a projeção chegando a 31 GB por mês em 2030 — um aumento de 3,5 vezes. Sem novos recursos de espectro, a capacidade atual pode não sustentar esse crescimento.
O estudo também destaca que políticas públicas devem buscar equilíbrio entre arrecadação e sustentabilidade do setor, citando que o Brasil precisa oferecer condições adequadas para próximas licitações de espectro, incluindo preços mais acessíveis. A disponibilidade oportuna da faixa superior do 6 GHz para serviços móveis é vista como fundamental para a evolução do 5G e para preparar o terreno para o 6G, que deve exigir blocos de 200 a 400 MHz por canal. Além disso, a GSMA ressalta que 84% da conectividade indoor depende de faixas médias, como a de 3,5 GHz, reforçando a importância de planejamento espectral cuidadoso.