Washington vive dias de tensão após o Congresso dos EUA não chegar a um acordo sobre o orçamento federal, levando ao shutdown de várias agências. Entre elas, a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (CISA) viu operações drasticamente reduzidas, o que preocupa especialistas e aliados que dependem da troca de informações sobre ameaças virtuais.
CISA opera com apenas 35% da equipe. De acordo com o The Washington Post, apenas 889 funcionários permanecem ativos, o que representa cerca de 35% do quadro original. A suspensão de boa parte dos recursos compromete a capacidade de monitoramento e de resposta a incidentes, ainda que a agência tenha mantido funções em pontos estratégicos para proteger a infraestrutura crítica do país.
Especialistas alertam que a limitação de pessoal pode reduzir a eficácia no combate a ofensivas cada vez mais sofisticadas. O cenário se agrava diante de uma onda global de ataques cibernéticos atribuídos a grupos ligados a Estados nacionais, com autoridades norte-americanas citando um aumento de ações de origem atribuída à China — apesar das negações de Pequim.
Outro componente de risco é a expiração da principal lei de proteção cibernética dos EUA. Embora tenha recebido aprovação na Câmara, o projeto foi bloqueado no Senado em meio ao impasse orçamentário, gerando uma lacuna legal que aumenta a vulnerabilidade da defesa digital.
Os impactos vão além do território americano. Países aliados, que dependem de programas de compartilhamento de informações, podem deixar de receber alertas cruciais se as operações da CISA permanecerem fragilizadas por um período prolongado. No setor privado, a situação reforça a necessidade de planos internos de cibersegurança para mitigar atrasos na identificação de ameaças.
Além disso, a redução de atividades da CISA tem implicações diretas para serviços essenciais — energia, transporte, telecomunicações e saúde — que dependem da coordenação da agência para defesa contra ataques. Em um contexto de transformação digital acelerada, a proteção de essas áreas é considerada vital para a segurança nacional.
O impasse orçamentário entre os poderes reforça a interdependência entre política e segurança digital. Analistas avaliam que os EUA podem enfrentar o mais grave período de vulnerabilidade cibernética desde a criação da CISA, a menos que uma solução rápida seja alcançada para evitar consequências globais.
