O avanço da DTV+ no Brasil traz promessas de imagem 4K/8K, interatividade em tempo real, sincronização entre TV aberta e internet e anúncios direcionados, mas carrega o peso dos royalties de propriedade intelectual (IP). A estimativa é de cerca de US$ 3 por unidade para fabricantes de televisores e STBs, valor que pode pressionar margens já estreitas no mercado brasileiro.
O modelo de licenciamento da DTV+ é herdado do ATSC 3.0 e é gerido por pools internacionais como Avanci e Via Licensing Alliance (ViaLA). A Avanci cobra uma taxa base de US$ 2,75 por unidade, enquanto o ViaLA acrescenta cerca de US$ 0,30 por módulo interativo, somando aproximadamente US$ 3 por dispositivo.
No Brasil, margens brutas de TVs smart de entrada giram entre 5% e 10%. Um royalty de US$ 3 representa entre 13% e 40% dessa margem, forçando fabricantes a escolher entre absorver o custo, repassar ao consumidor ou adiar a certificação para DTV+.
O Fórum SBTVD, através do Módulo de Propriedade Intelectual, busca reduções ou isenções junto aos pools de patentes. Além de propostas técnicas como o DASH-AMP, também se discutem descontos por volume, incentivos públicos para certificação e o desenvolvimento de soluções abertas para interatividade, na linha do Ginga, para reduzir a dependência de patentes estrangeiras.
O cronograma envolve a definição final dos requisitos técnicos ainda para 2025, com o lançamento da DTV+ previsto para a Copa do Mundo de 2026. Fabricantes como Vivensis e Century aceleram protótipos, mas a disponibilização comercial em larga escala pode depender de avanços regulatórios e de políticas de incentivo público.
Segundo Marcelo Natali, tornar a DTV+ acessível é essencial para manter a TV como meio democrático no Brasil e evitar que a transição digital aumente a desigualdade. Natali encerra destacando que a implementação de patentes abertas e parcerias entre emissoras e fabricantes pode acelerar a chegada de conteúdos interativos e de qualidade para todos.
* Marcelo Natali é consultor em desenvolvimento de negócios CTV e OTT