O CEO da Tá Telecom, Rudinei Gerhart, apontou em entrevista ao Tele.Síntese que MVNOs são o caminho mais viável para provedores regionais ingressarem na telefonia móvel e ampliarem receitas, ao mesmo tempo em que critica a exclusão do setor de MVNOs do PGMC da Anatel.
Segundo ele, o contraste entre banda larga fixa e móvel guia a estratégia: a banda larga fixa estaria estagnada, enquanto a telefonia móvel registra crescimentos de até dois dígitos por trimestre.
Em termos de cobertura, Gerhart alerta que apenas 15% do território brasileiro está coberto por telefonia móvel, com áreas escuras relevantes. Como alternativa, defende a participação de provedores na construção de redes e acordos de acesso, com destaque para o compartilhamento de rede de acesso móvel (RAN sharing) e a interconexão do RAN com operadoras, assim como já se faz um swap de fibra óptica em outros contextos.
O modelo de RAN sharing já vem sendo adotado por algumas operadoras, entre elas Unifique e iez!, que anunciaram programas de compartilhamento de infraestrutura móvel com provedores. Além disso, Gerhart vê espaço para atuação no varejo, ressaltando que a viabilidade de MVNO depende do resultado por chip, e não pela base de assinantes, destacando que a MVNO tende a ser receita marginal, mas ainda assim estratégica para ofertas convergentes.
Sobre regulação, o executivo criticou a retirada da MVNO do PGMC, argumentando que tal omissão reduz a segurança jurídica para entrantes regionais e arranjos de rede com ISPs. Ele defende um regulamento que facilite a universalização, sobretudo em destinos turísticos e áreas remotas, e sustenta que 850 MHz pode abrir oportunidades para entrants, desde que haja plano de uso definido.
Conforme Gerhart, o caminho para o sucesso está na combinação entre MVNOs, parcerias de infraestrutura e estratégias de retail, com a visão de convergência de serviços entre fixo e móvel para o ecossistema regional, promovendo maior cobertura e receita para provedores locais.