O presidente da Alphabet, Sundar Pichai, afirmou em entrevista à BBC que seria improvável que qualquer empresa escape de impactos se a atual corrida por IA resultar num estouro de bolha. Segundo ele, o momento é “extraordinário” para o setor, mas já existem “elementos de irracionalidade” que lembram o otimismo exagerado da era das pontocom.
As declarações refletem preocupações crescentes em Wall Street, no Vale do Silício e entre reguladores britânicos sobre a sustentabilidade de avaliações bilionárias que vêm impulsionando o mercado de IA. As ações da Alphabet se valorizaram muito, com perspectivas de que a empresa possa enfrentar a OpenAI e manter posição de liderança, enquanto a Nvidia vê valorizações recordes com chips de IA.
Pichai destacou que acredita que o Google pode atravessar um colapso, mas acrescentou: “Nenhuma empresa será imune, inclusive nós”. Ele comparou o ciclo de investimento a uma extrapolação observada na expansão inicial da internet, quando houve excesso de capital e expectativas infladas.
O alerta ecoa comentários de figuras do setor financeiro, como Jamie Dimon, que admitiu que, embora os investimentos em IA tragam retorno, parte do capital investido pode não se materializar.
Apesar dos riscos, o Alphabet mantém planos ambiciosos de expansão global. Em setembro anunciou um aporte de 5 bilhões de libras no Reino Unido, incluindo um novo data center e o aumento das atividades da divisão de IA, DeepMind, com planos de treinar modelos diretamente no território britânico para apoiar metas governamentais de liderança em IA.
Pichai também abordou o consumo de energia da IA, destacando que a tecnologia já representa uma parcela considerável da eletricidade mundial. Ele afirmou que as necessidades energéticas são enormes e podem atrasar metas de neutralidade de carbono da Alphabet, defendendo investimentos urgentes em novas fontes e infraestrutura para evitar gargalos econômicos.
Além disso, o executivo ressaltou que a IA é “a tecnologia mais profunda” já criada e que deverá transformar o mercado de trabalho. Profissões de áreas como medicina, educação e direito devem permanecer, mas profissionais que souberem usar ferramentas de IA podem ter vantagem, enquanto a transição deverá trazer disrupções sociais e novas oportunidades.