A Intel informou à Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente à CVM dos EUA, que a participação de 9,9% do governo federal na fabricante poderia trazer riscos aos negócios, incluindo impacto em vendas internacionais e a capacidade de obter subsídios governamentais no futuro. O investimento ocorreu após o governo de Donald Trump converter US$ 11 bilhões em subsídios em participação acionária na Intel, marcando nova intervenção notória no mercado corporativo.
Em outra frente, Lip-Bu Tan, CEO da Intel, afirmou em vídeo publicado pelo Departamento de Comércio que a empresa não precisava do financiamento do governo. “Não preciso do subsídio”, declarou Tan, “mas estou realmente ansioso para ter o governo americano como meu acionista”. Vale lembrar que Trump já havia atacado publicamente o CEO por sua origem chinesa.
À SEC, a Intel destacou que é incerta a possibilidade de o acordo levar outras entidades governamentais a converter subsídios existentes em investimentos de capital ou a se comprometerem com subsídios futuros. O governo adquiriu as ações por meio de US$ 5,7 bilhões em subsídios não pagos da CHIPS and Science Act de 2022, além de US$ 3,2 bilhões destinados ao programa Secure Enclave no ano passado, segundo dados divulgados durante a gestão anterior de Biden.
A fabricante teme que seus negócios fora dos EUA – que representaram 76% da receita em 2024 – sejam impactados pela presença de um acionista significativo do governo, o que pode sujeitá-la a regulamentações ou restrições adicionais, incluindo leis de subsídios estrangeiros em outros países. A Intel também informou que as ações emitidas ao governo com desconto em relação ao preço de mercado atual diluem os acionistas existentes.
Em síntese, a intervenção governamental coloca em xeque a estratégia internacional da Intel, com a empresa afirmando acompanhar de perto como tais ações poderão influenciar seus planos de expansão global e o cenário regulatório de países onde opera. A CHIPS Act permanece como pilar de financiamento para a indústria de semicondutores, ainda que envolta em novas incertezas políticas.