O governo dos Estados Unidos revelou a aquisição de aproximadamente 9,9% das ações ordinárias da Intel, em operação que envolve cerca de US$ 8,87 bilhões em aportes vinculados ao CHIPS Act. A medida, anunciada oficialmente em 22 de agosto, integra a estratégia da administração para reforçar a competitividade e a segurança da indústria de semicondutores no país.
Em um comunicado à Securities and Exchange Commission (SEC), a Intel alertou que a influência do governo americano como acionista significativo “pode prejudicar vendas internacionais e futuras concessões”. A empresa ressaltou que 76% de sua receita é gerada fora dos Estados Unidos, o que poderia ocasião restrições ou reações regulatórias em mercados como China e União Europeia.
Entre os riscos citados pela Intel estão diluição de participação para investidores existentes, limitações em decisões estratégicas futuras e incertezas legais sobre alterações regulatórias ou contestação por outras esferas do governo.
Quanto aos detalhes da participação, os EUA adquiriram 433,3 milhões de ações ordinárias da Intel a US$ 20,47 cada, correspondendo a aproximadamente 9,9% do capital. Além disso, receberam um warrant de cinco anos, exercível caso a Intel deixe de controlar pelo menos 51% do negócio de fabricação de chips. O investimento soma US$ 5,7 bilhões em subsídios da Lei Chips (ainda não pagos) com US$ 3,2 bilhões do programa Secure Enclave, totalizando US$ 8,9 bilhões, e, somando-se os US$ 2,2 bilhões recebidos anteriormente, o aporte governamental nos últimos anos chega a US$ 11,1 bilhões.
“Este é um ótimo negócio para os Estados Unidos da América e para a Intel”, comentou Donald Trump em post na Truth Social, sublinhando que “construir semicondutores de ponta é fundamental para o futuro da nação”. Mesmo com o aval regulatório, a reação dos investidores na bolsa foi de cautela, com analistas destacando possíveis impactos na estratégia de atuação global da Intel.
A Intel informou que a operação foi aceita, embora acompanhada de alertas formais sobre possíveis impactos financeiros e comerciais, reforçando que a empresa continuará avaliando condições de mercado e governança sob o novo arranjo de participação governamental.