O vídeo ‘Adultização’ viralizou e provocou a reflexão sobre a vulnerabilidade de crianças no ambiente digital, mostrando como algoritmos e falhas de plataformas podem facilitar a aproximação entre predadores e vítimas. O episódio evidencia três ausências centrais: regulação efetiva das redes, ferramentas de proteção ativas e educação digital crítica.
Ter internet não significa garantia de proteção. A exploração sexual de menores, a exposição indevida de imagens e a adultização precoce são sintomas de uma lacuna que não se resolve apenas com mais conectividade. O caminho envolve regras de verificação de idade, moderação eficaz e restrição de conteúdo por parte das plataformas, bem como o acompanhamento atento de famílias e políticas públicas que incorporem segurança digital desde a alfabetização.
O letramento digital — capacidade de interpretar, avaliar e agir com responsabilidade no online — é peça central. Ensinar crianças e adolescentes a reconhecer riscos e manipulações, além de saber reagir com segurança, deve andar junto de medidas como filtros de conteúdo e controles parentais. Mas isso por si só não basta.
Uma estratégia eficaz para proteção infantil online combina dois eixos: internet segura para escolas públicas, com filtros que bloqueiem conteúdos inadequados, e práticas de letramento digital que preparem docentes e estudantes para uso responsável da tecnologia. A integração entre infraestrutura, proteção e educação é essencial para um ambiente digital saudável.
Para de fato proteger nossas crianças, é necessário agir em três frentes simultâneas: regulação e responsabilização das plataformas com regras claras de moderação e verificação etária; ferramentas de proteção, como filtros e controles parentais; e educação digital incorporada ao currículo desde os primeiros anos. Como aponta o texto de Laerte Magalhães, apenas a união de tecnologia, políticas públicas e educação transforma indignação em ação.
*Laerte Magalhães é fundador e CEO da Nuhdigital, operadora focada em conexão de equipamentos públicos.