Apesar de as grandes operadoras manterem um endividamento relativamente controlado, há uma fatia significativa de ISPs que opera com alavancagem acima de 3x EBITDA, sinal de alerta sobre a capacidade de financiar a próxima onda de crescimento no setor.
O contexto brasileiro atual — juros elevados, crédito caro e uma fase de consolidação do mercado — faz com que esse indicador ganhe ainda mais relevância, pois indica o quanto o ecossistema pode depender de funding externo para sustentar o ritmo de expansão.
A dívida, em muitos casos, não é intrinsecamente negativa: ela pode ser o motor de expansão, de ganho de escala e de consolidação, especialmente quando o objetivo é ampliar a banda larga fixa, a espinha dorsal da conectividade no país.
Entretanto, grande parte dos ISPs mais alavancados teve foco maior na banda larga fixa, e o mercado móvel aparece como o passo natural de crescimento para muitos players. Investimentos em espectro, infraestrutura e operação requerem capital significativo, e as estruturas de dívida atuais podem não comportar esse salto.
Adicionalmente, para aqueles que enxergam data centers, IA e mobilidade como próximos fronts, o desafio é duplo: manter o ritmo de aquisição para sustentar a liderança e, ao mesmo tempo, enfrentar ciclos de investimento que já começam a chegar ao fim, com investidores buscando retornos em horizontes de quatro a cinco anos.
Entre as perguntas que ficam, destacam-se: como seguir expandindo com capital caro, margens comprimidas e maior apetite por mobilidade, dados e IA? Os ISPs vão conseguir contornar essa grande inflexão ou o setor deverá migrar para uma fase de consolidação mais ampla? O economista acredita que o cenário pode favorecer tanto grandes consolidados quanto novos players que consigam reorganizar suas estratégias. Nos vemos no próximo mês, com a análise mensal da Telco Advisors.