A S&P Global Ratings manteve o rating de longo prazo brA+ da Desktop, com perspectiva estável, afirmando que a empresa deverá reduzir o ritmo de crescimento orgânico a partir de 2026, concentrando-se na melhoria da rentabilidade, no controle de churn e na otimização do caixa.
No 1º semestre de 2025, a Desktop registrou 1,18 milhão de casas conectadas, 9% acima do mesmo período de 2024. A margem EBITDA dos últimos 12 meses recuou para 49,8%, impactada pela queda de aproximadamente 4% no ARPU no 2º trimestre. A S&P projeta recuperação parcial para 51,5% no 2º semestre.
O relatório estima fluxo de caixa livre (FOCF) ainda negativo em 2025, com previsão de retorno a território positivo em 2026, impulsionado pela redução de capex e por ganhos de produtividade. A alavancagem deve recuar de cerca de 2,6x EBITDA em 2025 para ficar entre 2,0x e 2,5x no ciclo seguinte.
Na parte financeira, a Desktop realizou duas emissões de debêntures em 2025, somando aproximadamente R$ 1,4 bilhão. Os recursos serão usados para amortização antecipada da sexta emissão (~R$ 630 milhões), reforço de capital de giro e expansão da infraestrutura, o que melhora o perfil de amortização. Em 30 de junho de 2025, a empresa possuía cerca de R$ 671 milhões em caixa, com capacidade de captar até R$ 1 bilhão adicionais pela nona emissão. O caixa está alinhado aos covenants de dívida líquida/EBITDA inferiores a 3,0x, com uma margem de segurança de pelo menos 15%.
A rede FTTH da Desktop soma cerca de 57 mil km no estado de São Paulo, cobrindo ~200 cidades com base superior a 1,1 milhão de clientes. A empresa planeja migrar para Wi‑Fi 6 até 2026 e tem expandido serviços como MVNO, telemedicina e soluções de cibersegurança. O segmento B2B representa menos de 5% da receita atual, mas deverá ganhar espaço nos próximos ciclos.
O controle acionário está concentrado na HIG Capital (53%), seguido por Denio Alves Lindo (15%), Navi Capital (5%) e ações em circulação (27%). A S&P afirma que pode elevar o rating em 12 a 18 meses se houver geração de caixa consistente, alavancagem abaixo de 2,0x, margens superiores às de pares e cobertura de juros acima de 4,0x. Em contrapartida, uma pressão de baixa ocorreria se a empresa voltasse a adotar estratégia agressiva de crescimento baseada em endividamento, resultando em alavancagem acima de 3,0x, cobertura abaixo de 2,0x, liquidez reduzida e fluxo de caixa persistentemente negativo.