O Data Favela divulgou neste mês a pesquisa Raio-X da Vida Real, que investiga os caminhos que levam pessoas à criminalidade e os hábitos de consumo de quem atua no tráfico. O estudo aponta que a entrada no mundo do crime tem, principalmente, um fundo econômico, e dedica um módulo específico ao perfil de consumo desse grupo, com foco em marcas preferidas, padrões de compra e desejos de consumo.
No que diz respeito a operadoras de telefonia, a pesquisa aponta um domínio das grandes operadoras nacionais. A Claro aparece com 35% das menções como operadora mais utilizada, seguida pela TIM (30%) e Vivo (20%). Outras marcas citadas incluem Oi (8%), Nextel (1%), Alô Social (1%) e Algar Telecom (1%), refletindo uma concentração regional mais acentuada em estados onde essas marcas são proeminentes.
Quando o assunto é eletrônicos, Apple e Samsung dominam o conjunto de marcas mencionadas. Juntas, respondem por cerca de dois terços das referências espontâneas de marcas, com Apple em 32% e Samsung em 31%. Xiaomi (12%), Motorola (7%) e LG (5%) completam o ranking de preferências entre aparelhos.
Outro conjunto relevante do estudo trata da conectividade e dos hábitos digitais. A internet aparece como hobby de 19% dos entrevistados, perdendo apenas para jogar futebol (23%). Instagram lidera entre redes sociais (44%), com TikTok e Facebook dividindo 16% cada uma. Jogos online chegam a 48% entre os entrevistados, com menções recorrentes a títulos populares; somados, esses jogos teriam um impacto expressivo na vida dos respondentes, estimado em torno de 80% quando considerados os hábitos associados a jogos de azar.
Quanto a entretenimento e televisão, a pesquisa indica que YouTube é a plataforma de streaming preferida (45%), seguido por Netflix (44%) e Globoplay (12%). Entre os canais de TV, 39% citam a Globo como favorito, com 18% preferindo o streaming como alternativa predominante.
Metodologia: a pesquisa foi realizada por amostragem com questionário estruturado em entrevistas presenciais entre 15 de agosto e 20 de setembro deste ano. Ao todo, foram entrevistadas 3.954 pessoas envolvidas no funcionamento do ecossistema criminoso do tráfico de drogas, com a amostra abrangendo favelas de 23 estados do Brasil, respeitando as proporções de residentes em favelas/comunidades nas cinco regiões do país.