Imagine uma indústria que fatura 50 milhões de reais por ano, com maquinários de ponta e uma carteira de clientes estável, mas que controla a produção por planilhas no Google Drive, atualizadas manualmente por três pessoas sem controle de versão.
A reportagem discute o dilema do crescimento sem maturidade operacional: o negócio pode ter ampliado receita e capacidade produtiva, mas os processos não acompanharam a evolução, o que impede a empresa de realmente escalar.
Sinais de imaturidade aparecem quando há:
- ordens de produção em papel;
- controle de estoque feito a olho;
- programação diária marcada pela urgência;
- falta de clareza sobre o custo de produção de cada item;
- lead time desconhecido e decisões baseadas em achismos.
O custo invisível dessa imaturidade é significativo. Em um cenário com faturamento de 50 milhões, estimativas apontam para: perda de produtividade de 15% (R$ 7,5 milhões por ano), retrabalho evitável de 5% do faturamento (R$ 2,5 milhões), estoque parado em torno de 8% do capital (R$ 4 milhões) e tempo de gestão desperdiçado, estimado em 200 horas mensais a R$ 300/h, gerando cerca de R$ 720 mil por ano. O total de desperdício fica em R$ 14,7 milhões anuais — quase 30% do faturamento.
A conta simples sugere que, mesmo recuperando metade desse valor, a empresa já veria melhorias expressivas no resultado, sem aumentar vendas nem contratar mais pessoas — apenas operando com mais disciplina e governança de dados.
Para sair dessa armadilha, o caminho é claro: profissionalizar a operação, adotar sistemas que conectem os setores e reduzir a dependência de conhecimento “na cabeça” de colaboradores-chave. O texto também destaca que muitos investimentos tecnológicos falham por falta de urgência, visão de potencial e planejamento adequado. Em resumo: maturidade operacional não é opcional para quem quer crescer de verdade.