O setor da construção civil, historicamente marcado por operações presenciais, passou a figurar entre os alvos mais sensíveis de ciberataques, à medida que BIM, planejamento digital e plataformas de colaboração em tempo real ampliam a superfície de ataque e elevam o valor dos dados armazenados.
Os ataques deixam de ter apenas o objetivo financeiro e passam a buscar vantagens estratégicas, inteligência competitiva e a capacidade de interromper obras especialmente críticas em infraestrutura, energia e logística.
Especialistas em cibersegurança apontam que grupos APT ligadas a países como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte estão entre os atores mais ativos nesse movimento, com o incremento da espionagem industrial e de ataques que visam sabotar projetos relevantes. Paralelamente, organizações criminosas voltadas a ransomware identificaram no setor uma combinação de alta dependência de terceiros e redes distribuídas, ampliando as vias de ataque.
A porta de entrada mais comum continua sendo credenciais comprometidas para acessos remotos como RDP, SSH e Citrix. Campanhas de phishing direcionadas a engenheiros, compradores e gerentes de projeto exploram a pressa típica de canteiros de obra para induzir cliques ou o compartilhamento de arquivos maliciosos.
Além disso, a cadeia de suprimentos representa uma fronteira crítica: fornecedores, escritórios de arquitetura e consultorias trabalham com múltiplos parceiros, aumentando o risco caso algum elo não adote padrões mínimos de segurança cibernética.
Investigações recentes mostram o surgimento de um mercado clandestino de credenciais, com ofertas de acesso a VPN, FTP, Citrix e RDP negociadas com base na complexidade da rede e no nível de permissões. Plataformas com sistemas de reputação aceleram invasões, permitindo que grupos de ransomware criptografem dados de forma mais rápida.
Para mitigar esses riscos, especialistas defendem uma abordagem estruturada: segmentação de redes, autenticação multifator obrigatória, revisão de credenciais privilegiadas, capacitação contínua de equipes, due diligence de fornecedores e adoção de plataformas de zero trust com monitoramento de comportamento de usuários. A adoção dessas medidas pode reduzir o dano causado por credenciais comprometidas e dificultar a movimentação lateral dos invasores.
À medida que a engenharia física e digital convergem, proteger dados torna-se equivalente a proteger concreto, aço e reputação. O Itshow acompanha o tema, destacando práticas que elevam a resiliência de empresas de construção diante de um cenário de ameaças cada vez mais sofisticadas.