Ferramentas, metodologias ágeis e arquiteturas sofisticadas ganham força, mas o maior gargalo costuma ser a comunicação. A maioria dos atrasos e retrabalhos não vem do código, e sim da falta de contexto ao apresentar um problema técnico em reuniões.
Cada sala de reunião pode gerar interpretações distintas: alguém diz “tenho o problema X” sem detalhes, e, ao final, a equipe passa dias tentando entender o que foi dito. O resultado é uma bola de neve de tarefas não alinhadas e prazos comprometidos.
O clássico da síndrome do herói — centralizar tudo, planejar pouco, não dividir tarefas nem pedir ajuda — também atrasa entregas. A vaidade aparece como motivo, não como demonstração de dedicação.
Há ainda o fenômeno da leitura mental em PRs. O dev abre um pull request e espera que todos saibam que é crítico, sem sinalizar bloqueios ou prioridades; o link fica circulando sem clareza. “O time não é formado por mutantes: se você não fala, ninguém adivinha.”
A comunicação clara não é soft skill. É uma hard skill camuflada, talvez a mais decisiva. Como lembrou Julian Tonioli, da Auddas: “para ter uma comunicação clara e efetiva, é preciso exercitar a regra da repetição”. Sem isso, não existe time, apenas indivíduos correndo em direções opostas. A boa notícia é que é possível transformar: líderes que praticam a clareza, equipes que expõem dúvidas sem vergonha e uma cultura de entrega organizada em torno da conversa aberta.