O governo chinês anunciou o visto K, voltado a jovens formados em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O programa permite que estrangeiros ingressem, residam e trabalhem no país sem a necessidade de ter um empregador já patrocinando o visto, uma característica apontada por especialistas como diferencial competitivo diante do cenário norte-americano.
O lançamento ocorre em um momento estratégico: os Estados Unidos anunciaram recentemente uma taxa anual de 100 mil dólares para empresas que solicitarem vistos H-1B, amplamente usados pelo setor de tecnologia. A medida tem incentivado profissionais qualificados a buscar alternativas, especialmente profissionais da Índia, que responde por mais de 70% das aprovações de H-1B.
Analistas ouvidos pela imprensa destacam que o gesto tem forte valor simbólico. Enquanto Washington endurece fronteiras, Pequim sinaliza abertura. A China já vinha adotando medidas para estimular investimento estrangeiro e turismo, como isenção de visto para cidadãos de países europeus, Japão e Coreia do Sul.
Para especialistas em imigração, a principal atratividade do visto K é a eliminação da exigência de patrocínio de um empregador, que costuma ser um entrave relevante no processo americano. No entanto, as diretrizes divulgadas pelo governo indicam apenas requisitos gerais de idade, formação e experiência, sem detalhes sobre permanência de longo prazo, residência permanente ou benefícios financeiros.
Entre as dúvidas estão a barreira linguística: a maioria das empresas de tecnologia na China opera em mandarim, o que pode restringir oportunidades para estrangeiros que não dominam o idioma. Além disso, questões políticas podem influenciar, como a relação China-Índia, fonte de muitos profissionais que buscam alternativas ao H-1B.
Ainda que ofereça incentivos, a China continua pouco dependente de imigração: abriga cerca de 1 milhão de estrangeiros, menos de 1% da sua população, em comparação com 51 milhões de estrangeiros nos EUA, que correspondem a 15% da população americana.