O Brasil pode liderar a busca da América Latina pela soberania em serviços de conectividade via satélites, conforme avaliação de players atuantes no setor durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro.
Segundo a Abrasat, a região projeta um crescimento anual de 9,3% até 2030, com o Brasil destacando-se como o país com maior avanço. A entidade aponta que a demanda por satcom e equipamentos, bem como a necessidade de conectar áreas isoladas, rurais e com infraestrutura terrestre deficiente, serão motores dessa trajetória.
Para a diretora Michelle Caldeira, da Abrasat, o movimento regional deverá ser impulsionado pela redução de preços dos serviços satelitais, pela chegada de constelações de baixa órbita e pela adoção de políticas públicas de inclusão digital em diferentes países latino-americanos.
O executivo Luis Vargas, da Hispasat Brasil e Chile, ressaltou o papel estratégico do Brasil na busca por serviços satelitais para a região. “Como apoiar soberania digital da América Latina?” questionou, destacando o Brasil como o único entre os vizinhos com alguma capacidade de lançamento de foguetes (excluída a Guiana Francesa). Com as ferramentas certas, o país poderia exercer uma liderança real na solução de satélite voltada à região.
A Hispasat já havia firmado memorando com países da América Latina, em 2024, para o desenvolvimento de satélites, incluindo o Brasil. No âmbito europeu, a operadora está envolvida na construção da constelação IRIS² ao lado de SES e Eutelsat, reforçando o papel do Brasil como parceiro potencial ao-hando com o bloco. O governo brasileiro trabalha em um plano estratégico para a iniciativa, que pode envolver tanto a construção de um novo artefato proprietário quanto parcerias com países e participação do setor privado. Consta, ainda, que constelações de baixa órbita, como Kuiper da Amazon e Lightspeed da Telesat, demonstram abertura para negociações com o Brasil.