A visão da AST SpaceMobile para o mercado de conectividade direct-to-device (D2D) extrapola o envio de mensagens por smartphones e mira uma integração próxima à rede celular terrestre. De acordo com Lucas Abud, VP comercial da empresa, a tecnologia deve atuar como uma extensão direta da infraestrutura móvel existente.
Durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, nesta quarta-feira, 8, o executivo detalhou o projeto de uma constelação de satélites para levar banda larga 5G diretamente aos celulares não modificados. O objetivo é romper o estigma de que soluções D2D atendem apenas a usos de nicho, enfatizando a viabilidade de cobertura ampla em áreas remotas.
A AST SpaceMobile já fechou acordo comercial definitivo com a Verizon, permitindo que os serviços cheguem aos usuários da operadora nos Estados Unidos a partir de 2026.
“O mercado precisa compreender melhor as capacidades da solução; o futuro é a integração entre redes terrestres e satélites”, afirmou Abud, ressaltando que a cobertura terrestre tradicional não alcança algumas zonas remotas com eficiência.
Satélites da AST
A empresa planeja operar 96 unidades em banda baixa. Segundo o executivo, 60 satélites já seriam suficientes para garantir cobertura relevante no Brasil. Os aparelhos são desenvolvidos pela própria AST e utilizam ASICs de última geração. As primeiras unidades foram lançadas no ano anterior, e a companhia tem parcerias com Blue Origin, SpaceX e ISRO para lançamentos.
Na prática de banda larga direta ao celular, o primeiro bloco contava com satélites de 64 m² e cerca de 2 mil células, enquanto a geração atual chega a 220 m² com mais de 10 mil células por satélite, atingindo pico de 120 Mbps por célula. A AST mantém acordos com mais de 50 operadoras ao redor do mundo; na América do Sul, TIM Brasil, Claro e Telefônica já participam de fases de teste. Além disso, Abud destacou que sustentabilidade e eficiência operacional estão no foco do desenvolvimento.