Em meio à digitalização, manter o foco no básico continua essencial. A alfabetização na idade certa é pilar do desenvolvimento infantil e social, capaz de ampliar oportunidades ao longo de toda a vida. Garantir uma base de alta qualidade envolve ações públicas consistentes e o papel da escola, com foco em práticas que realmente sustentem o aprendizado inicial.
Dados do Indicador Criança Alfabetizada (ICA) indicam que, em 2024, 59,2% dos estudantes atingiram alfabetização no 2º ano do Ensino Fundamental, contra 55,9% em 2023. Embora esse avanço seja relevante, o país ainda não atingiu a meta e persistem desigualdades entre estados e grupos raciais.
Casos de estados com baixos resultados impressionam: Sergipe registrou 38,39%, Rio Grande do Norte 39,29% e Bahia 35,96%. Esses números mostram que há muito a ser feito, mas também servem de alerta para políticas mais eficazes.
Experiências positivas já existem no Brasil. O Ceará é um exemplo de coesão entre governo, financiamento e cooperação com municípios, que ajudou a consolidar avanços na alfabetização. Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e PI também mostraram crescimento expressivo, com aumentos de 12,26pp, 8,42pp e 7,34pp, respectivamente, além de metas superadas em Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo.
Para tornar a alfabetização viável, é essencial que esse seja um compromisso de Estado — não de governo. A cooperação entre estados e municípios, docentes bem preparados e monitoramento de resultados são fundamentais. Hoje, a tecnologia oferece caminhos: sistemas de gestão de dados de aprendizagem, plataformas adaptativas que ajudam na personalização do ensino e, inclusive, uso de inteligência artificial para corrigir grandes volumes de avaliações com maior agilidade.
Este é um chamado à ação coletiva: aprender a ler, compreender textos e raciocinar matematicamente continua tão crucial quanto no passado. O desafio é sistêmico, urgente e requer esforço conjunto de governos, escolas, famílias e comunidades.