A Inteligência Artificial (IA) está reorganizando a infraestrutura dos data centers, com foco em latência de nanosegundos, segurança e automação. Durante o Data Center AI & Cloud Summit, Ricardo Caine Caracillo, diretor LATAM de engenharia de clientes e desenvolvimento de negócios na Nokia, destacou os desafios de redes e data centers ao se tornarem o alicerce de uma sociedade orientada por dados.
Para Caracillo, a IA impõe um novo patamar às redes de comunicação: “Essas redes não podem parar nem por um minuto, não podem perder pacotes, pois qualquer falha eleva o tempo de processamento”, afirmou, ressaltando a necessidade de redes com latência medida em nanosegundos e com forte proteção de dados sensíveis.
Ele apontou as redes de missão crítica — utilizadas em áreas como saúde, segurança pública e transportes — como elemento central, dizendo que a Nokia traz essa expertise para o universo dos data centers, onde, em muitos cenários, vidas humanas dependem do funcionamento confiável.
O debate também abordou edge computing e a distribuição da infraestrutura. Segundo Caracillo, o crescimento dos data centers de borda ajuda a reduzir demanda por energia e refrigeração, atendendo aplicações como veículos autônomos e análises de imagens em tempo real, ao mesmo tempo em que descentraliza investimentos e aumenta a resiliência do ecossistema.
Em termos de mercado, Caracillo projetou ciclos de investimento significativos: redes de backend para IA e multi-cloud networking devem mover cerca de US$ 10 bilhões nos próximos três anos, com CAGR de aproximadamente 45%. Redes voltadas à inferência e aplicações corporativas teriam um mercado quatro vezes maior, crescendo cerca de 9% ao ano, refletindo a expansão global da IA e a importância de redes seguras e autogerenciáveis.
Na prática, a confiabilidade passa pela arquitetura, qualidade e operação. A arquitetura Spine-Leaf é citada como capaz de manter conectividade não bloqueante em ambientes de tráfego intenso; contudo, Caracillo enfatizou que a confiabilidade também depende de uma cultura de qualidade no desenvolvimento, com validação rigorosa de software e governança operacional. “Não basta automatizar; é preciso padronizar, confiar e só depois automatizar”, disse.
Por fim, o executivo projetou redes inteligentes para o futuro – capazes de “pensar, sentir e agir” com o apoio de IA, ajustando-se em tempo real às necessidades do negócio. Ele concluiu que a IA só atingará seu potencial se sustentada por uma infraestrutura de redes confiável e segura, alinhada a uma visão de infraestrutura que evolui para redes que se adaptam e se autogerenciam.