No painel do NEO 2025, realizado em Salvador (BA), especialistas do setor público, da indústria e da Associação NEO defenderam a construção de uma política nacional para data centers, além do impulso a arquiteturas abertas e a infraestrutura de conectividade local.
O diretor de Relações Institucionais e Governamentais do Senai Cimatec, Walter Pinheiro, afirmou que o Brasil precisa de uma estratégia estruturada para ampliar a capacidade digital e assegurar soberania tecnológica, destacando que seria necessária uma política nacional de implantação de data centers que envolvesse soberania digital, processamento de dados e conectividade universal.
Ele também criticou o modelo atual de formulação de políticas públicas, que, segundo ele, se baseia em anúncios genéricos sem a devida articulação com os diversos atores do ecossistema. Além disso, apontou que a Medida Provisória vigente restringe a instalação de data centers apenas à disponibilidade energética.
Pinheiro destacou o Nordeste como região estratégica, com Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte oferecendo condições de energia renovável — como eólica, solar e hidrogênio verde — para apoiar o crescimento de data centers. A região da linha de Juazeiro e Petrolina foi citada como a melhor para implantação, com base em análises técnicas do Cimatec sobre recursos energéticos.
O executivo acrescentou que a expansão desse tipo de infraestrutura pode gerar empregos e fortalecer a formação profissional, afirmando que, se o data center for planejado de forma estratégica, ele não apenas atende à demanda imediata, mas também contribui para a soberania digital e para o desenvolvimento de mão de obra qualificada.
O CEO da OpenGlobe, Victor Proscurchin, explicou que a arquitetura de redes abertas (Open Network) está redefinindo a evolução da infraestrutura de data centers, com foco em escalabilidade, redução de custos e sustentabilidade. Segundo ele, os hyperscalers promovem esse modelo, que permite atender demandas maiores com menos investimento e exige soluções energéticas mais eficientes.
Ainda no painel, Aníbal Diniz, sócio da AD Advisors e representante da Associação NEO, ressaltou que o Brasil tem oportunidade única de se tornar exportador de soluções tecnológicas, aproveitando a infraestrutura de banda larga fixa e a rede de prestadores de pequeno porte que atuam no país. Ele destacou que esses prestadores já construíram uma rede nacional de POPs, oferecendo serviços de baixa latência e alta qualidade, e enfatizou a importância de fortalecer as PPPs para alavancar o ecossistema.