Segundo a TIC Kids Online Brasil 2025, 92% da população entre 9 e 17 anos está conectada, o que representa mais de 24,5 milhões de jovens. O estudo, lançado pelo CGI.br e conduzido pelo Cetic.br, baseia-se em entrevistas presenciais com 2.370 crianças, adolescentes e seus responsáveis, destacando um padrão de imersão digital precoce e contínua.
O celular continua como a principal porta de entrada à internet, com 96% dos jovens usando-o para acessar conteúdos online. Ao mesmo tempo, a posse de aparelhos próprios caiu para 77% em 2025, parte de uma tendência que ampliou o uso de televisão como segunda tela (74%).
Em relação ao ambiente escolar, a restrição de uso de celulares com a Lei nº 15.100/2025 reduziu o percentual de usuários que acessaram a internet na escola, de 51% em 2024 para 37% em 2025.
O estudo também aponta que a internet é vista como ferramenta educacional central: 81% dos jovens a utilizam para pesquisas escolares. A adoção da inteligência artificial (IA) generativa é um avanço marcante, com 65% dos entrevistados já usando IA para estudar, pesquisar ou criar conteúdos.
O uso de IA cresce com a idade: 42% entre 9 e 10 anos e 75% entre 13 e 17 anos. As finalidades variam desde atividades acadêmicas (37%), produção de conteúdo (9%) até apoio emocional, com 4% relatando conversas com IA sobre sentimentos.
O estudo enfatiza a IA como nova intermediária da experiência digital, abrindo oportunidades educacionais, mas também levantando questões sobre dependência tecnológica, privacidade e ética. Segundo Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, a pesquisa ganhou um indicador específico para monitorar como crianças e adolescentes utilizam essas tecnologias, com o objetivo de orientar políticas de proteção e bem-estar.
Além disso, o cotidiano online é fortemente orientado por plataformas e criadores de conteúdo. WhatsApp (68%), YouTube (66%), Instagram (59%) e TikTok (57%) aparecem como os espaços mais frequentados, com o YouTube dominando entre os mais novos (74% entre 9 e 10 anos). A disseminação de vídeos de influenciadores é ampla, com 85% dos jovens consumindo esse tipo de conteúdo.
Publicidade online é amplamente percebida: 84% afirmam ter visto anúncios e 65% notaram aumento de propagandas após pesquisas, apontando para a atuação de algoritmos de personalização. Ainda assim, apenas 54% entre 11 e 17 anos conseguem distinguir conteúdo patrocinado de não patrocinado, sinalizando a necessidade de reforçar a alfabetização midiática desde cedo.
O estudo evidencia também a relevância da mediação parental. Enquanto 58% dos responsáveis impõem regras sobre o uso do celular e 37% recorrem a ferramentas de limitação de tempo, os jovens costumam ser a principal referência de informação para os pais. Essa inversão geracional reflete o ritmo acelerado da inovação e o desafio de acompanhar a linguagem online das crianças e adolescentes.