O Ministério da Gestão firmou um acordo de R$ 390 milhões com o CPQD para um projeto de quatro anos voltado à qualificação e interoperabilidade dos dados em poder da União, com o objetivo de gerar novos serviços digitais para o Estado e para a interação com a população.
A proposta central é desenvolver uma inteligência artificial pública capaz de beber de um vasto conjunto de dados — incluindo informações armazenadas em data centers do Serpro e da Dataprev — para apontar soluções digitais e facilitar a comunicação com o cidadão. A iniciativa prevê, ainda, soluções de interoperabilidade entre diferentes ecossistemas de dados governamentais.
A estratégia envolve a criação de um grande datalake integrado às nuvens consideradas soberanas, com a promessa de que o Estado antecipe direitos e serviços antes mesmo de o cidadão buscar atendimento. “Temos a base da Previdência, a base da Assistência Social, o CadÚnico, silos informacionais muito grandes. Esse processo começou em 2023 com as nuvens de governo das empresas públicas. A ideia é integrar dados e, com IA, melhorar a prestação de serviços ao cidadão”, afirma Rogério Mascarenhas, secretário de Governo Digital.
Entre os entregáveis está um chatbot para o Gov.br, a plataforma de entrada que reúne milhares de serviços públicos. A meta é tornar a comunicação com o cidadão mais proativa, abrindo canais por WhatsApp ou outras ferramentas para notificar sobre necessidades ou serviços disponíveis, conforme o perfil de cada pessoa.
O projeto está estruturado em etapas de qualificação, catalogação e interoperabilidade de dados, com o objetivo de estender a infraestrutura de dados a toda a IND — a infraestrutura nacional de dados. O CPQD aponta que, ao longo do processo, serão desenvolvidas aplicações baseadas em IA, incluindo modelos de linguagem (LLMs), e uma plataforma de low-code para que servidores públicos possam criar soluções sem exigir profundo conhecimento de computação. O financiamento vem do Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, conforme explica Paulo Curado, diretor do CPQD.