Campanhas tradicionais de cibersegurança costumam apostar em mensagens únicas, enviadas por um único canal, na expectativa de que a conscientização ocorra sozinha. Muitas vezes, isso resulta apenas em ruído, leitura rápida e, no fim, hábitos que não se alteram de maneira duradoura.
Um dos maiores problemas é a diversidade da força de trabalho: gerações diferentes, níveis variados de familiaridade tecnológica e funções distintas que trazem riscos específicos. Não há mais espaço para tratar todos como um grupo homogêneo, e as mensagens precisam falar a cada perfil.
Além disso, a sobrecarga de informações no ambiente corporativo faz com que mensagens de segurança se percam no volume de e-mails, reuniões e tarefas diárias. Para ser eficaz, a comunicação precisa ser relevante, concisa e envolvente, entregue nos canais certos e no formato adequado a cada público.
O custo do não-engajamento é alto. Equipes desinteressadas mantêm vetores de risco abertos e investimentos em tecnologia podem ser subaproveitados pela falha de comunicação. É necessário migrar da ideia de apenas “enviar a mensagem” para assegurar assimilação e mudança de comportamento.
Chave: segmentação estratégica. Com dados de risco humano obtidos a partir de incidentes, pesquisas de percepção e simulações de phishing, é possível dividir a audiência por função, nível de acesso, maturidade digital e canal preferido. Cada segmento recebe módulos, exemplos e cenários que falam diretamente ao seu cotidiano.
Outras estratégias incluem gamificação para tornar a aprendizagem agradável, microaprendizado contextualizado, storytelling com casos reais, workshops interativos e simulações imersivas. Campanhas temáticas e a presença de campeões ou embaixadores de segurança ajudam a manter a mensagem viva no dia a dia.
Uma abordagem multicanal — intranet, newsletters segmentadas, Teams/Slack, podcasts —, aliada a ações presenciais como apresentações rápidas, “Security Booths” em eventos internos e cafés de segurança, mantém a relevância. A integração da segurança ao ciclo de vida do colaborador, desde onboarding até offboarding, é essencial, assim como o apoio ativo da liderança.
O CISO atua como maestro da comunicação estratégica, promovendo parcerias com RH, Marketing e Comunicação Interna para orquestrar uma cultura de segurança resistente e humana. Medir o impacto — participação, qualidade de relatos de phishing, clima de segurança e análise de incidentes — serve como bússola para ajustes contínuos.