Em um cenário de negócios contemporâneo, a cibersegurança é vista como uma decisão de gestão de risco, não apenas como um centro de custo de TI. Analistas destacam que adiar investimentos em proteção digital não economiza recursos — é contrair uma dívida invisível com juros que podem levar uma empresa à falência.
A escalada de ameaças já não é tema de debate: o Brasil figura como o segundo país mais atacado do mundo. Dados da Serasa Experian apontam 1,2 milhão de tentativas de fraude apenas em janeiro de 2025 — quase uma por 2,2 segundos. O episódio ilustra perdas reais, como o ataque à C&M Software, estimado em desvio de cerca de R$ 1 bilhão por parte de instituições financeiras.
Estimativas apontam que a perda anual no Brasil devido a incidentes cibernéticos chega a R$ 740 bilhões (cerca de 8% do PIB). Para uma empresa, o dano médio em um ataque bem-sucedido fica em torno de R$ 6 milhões, embora o custo vá muito além do financeiro. O Relatório Hiscox Cyber Readiness indica que 61% dos líderes veem danos reputacionais como um impacto significativo; após incidentes, 47% relatam dificuldades para atrair novos clientes e 43% perdem clientes existentes.
À luz desses números, abordagens reativas tornam-se insustentáveis. O estudo da IBM/Ponemon Institute sobre o custo de violação de dados 2025 aponta US$ 4,44 milhões por incidente, mas a prevenção se mostra mais eficiente: cada US$ 1 investido para prevenir um ataque pode evitar US$ 6 em prejuízos. Além disso, equipes que utilizam IA e automação reduzem custos médios de violação em US$ 1,9 milhão.
Entretanto, há uma desconexão entre percepção de risco e alocação orçamentária. Pesquisa da Asper mostra crescimento de 118% nos ataques com impacto operacional relevante entre 2021 e 2024, e ainda assim 24% das empresas brasileiras não possuem orçamento formal para a área de segurança e 45% não contam com um Plano de Recuperação de Desastres. Nos EUA, o investimento em cibersegurança corresponde a cerca de 36% do valor de perdas, enquanto no Brasil o investimento médio fica em apenas 2% do que é perdido.
Fora isso, estudos com assessores financeiros sugerem que organizações com boa governança em segurança exibem múltiplos de até 30% mais altos em fusões e aquisições acima de R$ 500 milhões, tornando a segurança um ativo de valor estratégico. A decisão de investir não é apenas defensiva, mas um pilar de sustentabilidade e continuidade do negócio — deixar para depois é, de fato, o investimento mais caro que uma empresa pode fazer.
Fonte: Theo Brazil, CISO da Asper