Durante a Futurecom 2025, em São Paulo, CEOs de provedores e fornecedores de banda larga destacaram um conjunto de fatores que contribuem para o crescimento mais tímido do setor. Entre eles, apontam o menor investimento em construção de redes, o alto custo de capital, a saturação da oferta de fibra e a concorrência com grandes operadoras, além do peso do mercado informal.
O CEO da Brasil TecPar, Gustavo Stock, afirmou que o ritmo de expansão precisa se ajustar, aproximando-se de patamares de 3% a 4% ao ano, e não de curvas de crescimento expressivas vistas em anos anteriores. O mercado brasileiro registrou apenas 2,6% de crescimento em acessos no 1º semestre de 2025, enfatiza Stock.
Fabiano Ferreira, da Vero, concorda que as taxas de dois dígitos já ficaram para trás e que o avanço da banda larga deve acompanhar a taxa de novos domicílios e estabelecimentos no país, ressaltando que oportunidades existem, desde que haja uma proposta de valor mais robusta.
Outro entrave citado é o custo de capital. Denio Alves Lindo, CEO da Desktop, disse que não é o momento ideal para novos investimentos em redes: a estratégia deve priorizar o aproveitamento da infraestrutura existente até que haja condições financeiras mais favoráveis.
Denis Ferreira, da Alares, completa ao dizer que o momento atual não favorece verdefields em larga escala. “Hoje o Brasil está fibrado e o crescimento ocorre em nichos, exigindo avaliação cuidadosa de investimentos e mercados.”
No front de competitividade, fabricantes relatam churn elevado e a atuação de “rouba-monte”, o que reduz a construção de rede e pressiona margens. Vander Luiz Stephanin, da DPR, aponta que mesmo com esse cenário, as grandes operadoras continuam crescendo, um ponto que se repete entre players de inteligência de mercado como TeiaH.
O ambiente também é marcado pela informalidade no setor, que tem mobilizado a Anatel. A inadimplência de clientes é citada como um fator de risco e de impacto direto na competitividade. No radar do mercado, há a perspectiva de consolidação, com maior atuação de players maiores adquirindo empresas menores, embora as fontes indiquem que 2026 pode não trazer forte melhoria em relação a 2025.