Estudo elaborado pelo BTG Pactual aponta que o Brasil e o Chile reúnem diversos atributos para se tornarem polos de atração para a implementação de data centers na América do Sul. Os dois países teriam potencial de investimento, desde que avancem em marcos regulatórios que facilitem negócios e aproveitem a infraestrutura energética já existente.
O relatório critica a Medida Provisória 1.307/2025 brasileira, que estabelece critérios para que as empresas de data centers possam usufruir dos benefícios tributários atribuídos às Zonas de Processamento de Exportação (ZPE). Para o BTG, o arcabouço cria regras que favorecem zonas específicas e impõem a obrigatoriedade de compra de energia de nova capacidade, o que, na visão da instituição, não favorece a atração de data centers de IA.
Segundo o estudo, o Brasil já dispõe de energia barata, com oferta excedente especialmente no Nordeste, o que poderia sustentar contratos de energia mais longos e estáveis com as distribuidoras regionais. O BTG cita também melhorias para empresas fornecedoras de energia, citando companhias como Eletrobras, Auren, Copel, Engie e Cemig como potenciais beneficiadas por esse boom.
No Chile, o BTG aponta que as empresas Colbún, Engie Energía Chile e Enel Chile seriam as principais ganhadoras de um eventual boom de data centers. No segmento de telecom, Vivo e Entel também teriam ganhos relevantes, conforme a avaliação da instituição.
O documento também analisa a dinâmica da Inteligência Artificial nos EUA, destacando pressões sobre a cadeia de suprimentos com aumento de preços em energia, chips, refrigeração e outros componentes. A projeção aponta crescimento da demanda por data centers nos EUA de 31 GW em 2024 para 83 GW em 2030, com consumo de energia subindo de 4% a 11,7% da produção total no mesmo período. Diante desse cenário, o BTG observa que outras regiões começam a ser consideradas para expansão, ainda que seus fundos mantenham participação na V.tal, controladora da Tecto, mantendo independência na análise de mercados.