O promotor de justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Leonardo Otreira, destacou durante o Evento NEO 2025, em Salvador, que o crime promovido por provedores de Internet já existia antes da ascensão de facções, e que a atuação estratégica é necessária.
“Temos que lembrar que já havia crimes praticados por empresas que promovem pirataria de conteúdo ou sonegam impostos”, afirmou, ressaltando que a visão romântica sobre a pirataria de conteúdo ficou para trás e que hoje se trata de um modelo empresarial violento e organizado que gera danos físicos e financeiros ao mercado e aos consumidores.
O promotor ressaltou que a presença do crime organizado nas telecomunicações evoluiu para tomada de território, coerção e roubo de patrimônio, com impactos que se conectam a tráfico de drogas, aquisição de equipamentos e recrutamento de novos criminosos.
Ele citou a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que aponta a inserção de organizações criminosas em cadeias econômicas lícitas, como o mercado bancário e fintechs que atuam como fachada, além de provedores de telecomunicações clandestinos. “O Estado precisa de uma atuação estratégica, não apenas granular; onde não entra, as empresas podem atuar”, disse, defendendo o uso de informação e parcerias para enfrentar o problema.