Na vanguarda da regulação de infraestrutura de telecom, a Anatel está finalizando um Manual técnico da regulação voltado exclusivamente a data centers que suportam serviços de telecomunicações.
O material, elaborado com apoio de universidades e do setor, tem previsão de publicação até março de 2026 e definirá critérios de segurança e certificação para infraestrutura crítica, como núcleos virtuais operados em nuvem.
Segundo o gerente regional substituto da agência em São Paulo, José Umbert Sverzut, a proposta não pretende impor regras a todos os operadores, e sim estabelecer diretrizes específicas para ambientes considerados críticos para a continuidade da telefonia e da banda larga. “A preocupação é com a segurança da prestação do serviço, seja ela física, cibernética ou operacional”, disse.
O regulamento não exigirá homologação de data centers que atendem a setores como bancário ou saúde; o foco ficará restrito a ambientes que abrigam elementos essenciais da rede. “Se um core de rede falhar dentro de um data center, o serviço de conectividade desaparece”, ressaltou Sverzut.
O texto deverá incorporar certificações técnicas já existentes, adaptando-as às condições do setor de telecomunicações. “A ideia é não criar nada, mas adaptar o que já existe. Será uma certificação simples, construída com consulta pública e ampla participação do setor”, afirmou.
Cronograma prevê: proposta em 2026 e adaptação até 2029. Dados centers que entrarem em operação deverão seguir as novas regras, e aqueles que estiverem em funcionamento antes disso terão até três anos para se adaptar. Sverzut garantiu que o custo de adequação não será elevado e que o processo ocorre em parceria com ITA, UFFluminense e empresas privadas.
O avanço da computação em nuvem e da virtualização de funções de rede — ampliado pelo 5G — aumenta a importância dos data centers como componentes críticos do ecossistema de telecom. “Hoje, o controle da rede pode estar em qualquer data center”, destacou Sverzut, reforçando que a regulação buscará compatibilidade com a nova realidade tecnológica e a continuidade dos serviços essenciais.